Opinião

Ninjas & Princesas - Generalidades parte II : O terrorismo e o futebol na educação

24 mar 2016 00:00

Todos somos comentadores, cheios de informação e razão. E, se o terror estiver a menos de 1.500 quilómetros de distância, a dor dispara à velocidade com que se sucedem os directos nas televisões.

Um dos poucos ensinamentos que apreendi ao longo destes anos é que a vida é um teste contínuo à nossa capacidade de adaptação. Reparem, ainda há uns tempos criticávamos Bruxelas por nos andar a comer por trás e sem beijos na boca e agora temos as nossas carinhas nas redes sociais sob uma bandeira preta, amarela e vermelha. Indignados e unidos digitalmente, chorosos numa solidariedade confortável e de consumo rápido por todas a vítimas do ódio destilado cobardemente em nome de uma coisa que nunca ninguém provou existir, tipo... Deus e seus heterónimos. Ou pelos mercados e as suas gravatas amestradas. (Esses acho que existem mesmo).

Todos somos comentadores, cheios de informação e razão. E, se o terror estiver a menos de 1.500 quilómetros de distância, a dor dispara à velocidade com que se sucedem os directos nas televisões. Nunca percebi a oscilação de valor entre as vidas de latitude para latitude. Mas ok… O mundo é um sítio estranho e a tragédia é uma grande tômbola de onde o teu número pode ser o próximo a sair. Esta é a realidade e temos de nos adaptar a ela, pior, temos de deixar os putos preparados para isto. Só pode ser à base de educação, amor e princípios, numa adaptação daquela máxima que sempre gostei: “ Pensa globalmente, age localmente”.

A minha ideia era dar uma resposta ao atentado terrorista de que fui alvo a semana passada neste mesmo espaço, pela mulher com quem divido a vida e os filhos, que no fundo são a nossa vida. É triste. Só não chorei porque não concordo com a visão martirizada da parentalidade por parte das mães.

É redutor para a espécie do lado de lá e pouco lisonjeiro para todas as capacidades que elas têm. Acho que está provado cientificamente que a diversidade é sempre uma mais-valia. Até no futebol isso se vê. Uma equipa não pode ser só constituída por jogadores defensivos, senão não há magia ficando assim o espectáculo mais pobre, todos são importantes na dinâmica do colectivo e do jogo, mas são os avançados que fazem a diferença. É aqui que entram os pais.

Nós é que somos o picante na salada saudável, nós é que somos os mestres da cócega e da carneirice, nós é que os lançamos mais alto no ar, nós é que fazemos voz de crocodilo enquanto brandimos a escova de dentes e nós é que os deixamos cair da bicicleta moderamente sem fazer soar os alarmes. Sim, recuperamos menos bolas, mas tornamos o jogo mais especial. O ideal é ser capaz de aliar ramboia e autoridade da boa. Para que os miúdos nunca adorem nada mais do que a vida e o prazer de a viver, sendo terroristas capazes de morrer, mas só pelos filhos.