Opinião

Música | Monitor

2 mai 2019 00:00

"Aqui descobrimos a essência da música; a descoberta"

Eu que vivo em Lisboa vou apanhando, aqui e ali, boas conversas acerca da atividade cultural leiriense.

Ainda há dias conheci um alfacinha, que me dizia ter muita vontade de dar um salto a Leiria, mostrando algum conhecimento do que se passava na cidade: o Hostel Atlas, os First Breath After Coma, a Surma, a SAMP que leva ópera à prisão, o Festival Música em Leiria, A Porta e até sabia da história da igreja dessacralizada que afinal não o era.

Foi aí que acrescentei mais uma série de atrações, um pouco de história – dizendo que, no meu tempo, não se passava grande coisa – e desafiei-o a começar o seu périplo leiriense já no dia 25 de maio, data da IV edição do Festival Monitor, evento a realizar no Stereogun (“na” Stereogun não soa lá muito bem…).

O rapaz nunca tinha ouvido falar de tal coisa, mas também não me parece que ele se movimente por territórios com tão pouca luz.

No entanto, ficou bastante curioso com a iniciativa. E é aqui que eu queria chegar: o Monitor é um festival que merece a devida atenção por apresentar um cartaz com bandas da cena underground internacional que fazem a sua estreia em Portugal. Nos tempos que correm, é obra.

Apostar em sonoridades ditas alternativas, muita gente aposta, agora, apostar em projetos que nunca vieram a Portugal e conhecidos apenas por melómanos dentro de grupos fechados, é um feito ainda maior, uma vez que há um mercado a rolar e bilhetes para vender.

Este ano o festival arranca com Marta Ray da Polónia, Tango Mangalore da Grécia e SDH de Espanha entre as 18 e as 21 horas e recomeça às 23 horas com Structures de França, Talk to Her de Itália e termina com Potoshkine de França. Tudo embrulhado em sonoridades minimal wave, post punk e eletrónica.

Os bilhetes custam 35 euros e estão à venda em www.fadeinfestival.com. Aqui, não há concertos de best of nem discos a fazerem 20 ou 30 anos. Aqui, é tudo fresco, avantgarde e à margem do mainstream.

Aqui, poderemos ver bandas a atuarem para 200 pessoas que passados alguns anos poderão estar nos festivais ditos alternativos a atuar para 20 mil. Ou não. Aqui descobrimos a essência da música; a descoberta. Aqui, não há algoritmos a ditar gostos. Aqui há pessoas a promover sonoridades escondidas. Aqui há performance.

Dia 25 de maio todos ao Stereogun ligados à corrente do Monitor, que esta vida são três dias e dois são festivais de verão.

*Promotor cultural
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990