Opinião

Leiria nascente, não começou a nascer agora!

17 nov 2022 16:50

Para quê mais espaços e igrejas quando as existentes, nomeadamente em zona urbana, estão a ficar vazias e sem clero suficiente para as necessidades!?

E o cuidar dela, talvez tenha começado quando um grupo de gente que vivia na mesma rua tenha solicitado que, quando possível, houvesse ali uma celebração semanal. E a verdade é que começou a haver ao sábado, à noite, numa cave emprestada para tal e para os primeiros anos de catequese que aí funcionavam, também.
O tempo foi passando e, com ele, o aumento de sensibilidade para toda a zona envolvente, pontuada pela consciência da necessidade de se antecipar a preocupação pela massa humana que ali se ía congregando.

Dúvidas houvesse, a concentração e construção de oferta habitacional actual, bem como o crescimento geral nas duas margens do Lis, permitem concluir que São Romão, Guimarota e uma parte do Casal dos Matos reúnem uma população (e reunirão) que merece um espaço de congregação e de referência comunitária no que à fé diz respeito. Sim. Aquele antigo restaurante não alberga uma seita ou, para não ser ofensivo, um novo e desconhecido movimento religioso. É mesmo um espaço católico (apostólico e romano) já com alguma presença e história!

Uma vez mais, antecipo algumas críticas. Ou a crítica principal. Para quê mais espaços e igrejas quando as existentes, nomeadamente em zona urbana, estão a ficar vazias e sem clero suficiente para as necessidades!? E a resposta enxerta nessas mesmas interrogações. Para que continue a haver espaços de referência, e de construção comunitária, que ultrapassem, e muito, o esforço de qualquer clube de bairro ou café da zona. Que antecipem e promovam a relação identitária entre pessoas. E que, claro, disseminem a fé cristã. 

Talvez por isso, no sábado passado, quando os escuteiros e miúdos da catequese, assim como os seus pais e amigos, no recinto exterior ao espaço onde se celebra, anexo do antigo Restaurante Faial em bom tempo permutado pelo lote 64 da Quinta da Barreta (limitado em área e demasiado circunscrito), aí concretizaram uma tarde com Magusto incluído, poucos soubessem do que, anos antes, algures por aí começara e que, no agora, lhes permite o estar e usufruir do ali.

Falo daquela aventura de, há quase 25 anos, uma Comissão, entre muitas outras coisas, ter andado de casa em casa, com uma fotocopiadora no carro, a solicitar aos restantes proprietários do loteamento da Quinta da Barreta a alteração e desafectação do lote 64 de área de equipamento, cedido pela Câmara para a construção de edifício religioso,  para a possibilidade de construção real e efectiva privada! 

Tudo para que, assim, se pudesse efetuar a permuta com o proprietário do terreno onde hoje se congrega, em amplo espaço, esta comunidade que, apesar da história, dá ainda os primeiros passos na tentativa de que os nossos descendentes não sejam apanhados de surpresa e que, a tempo se consiga ir construindo algumas infra-estruturas condignas à vivência (e promoção) da fé no mundo em que vivemos.

Seremos capazes? A história diz que sim e o crescimento, à vista desarmada, mais não é do que a provocação boa que nos interroga. - Se comunidades bem mais pequenas conseguem, porque não havemos, também nós, de conseguir? - Não pela teimosia. Pela notória e imperativa ordem de Quem um dia nos disse que está nas nossas mãos não permitir que o alento essencial não se exclua da vida da humanidade!

Será demais pedir e lutar por espaços conformes?

PS: E, já agora, aquela Rua da Fonte (em plena cidade) merecia um piso alguns pontos acima!