Opinião

E aí está a resposta das universidades ao sonho curto de alguns politécnicos: não há doutoramentos no ensino politécnico!

17 jun 2016 00:00

Inteiramente de acordo, digo eu! Os Doutoramentos são graus universitários [ponto].

O jornal Público publicou a resposta das universidades à proposta de fazer chegar os doutoramentos ao ensino politécnico.

MCTES e Politécnicos estavam a fazer um namoro em busca de meios-termos que só prejudicariam a imagem do Politécnico e do Ensino Superior em Portugal, com a perversa criação de doutoramentos profissionais sem reconhecimento nacional nem internacional. E o CRUP alguma vez deixaria? Não! Os reitores têm voz, reconhecida e respeitada pelo MCTES; os presidentes dos politécnicos não!

O CCISP não tem capacidade negocial e vai perder-se uma oportunidade histórica, uma vez mais, para uma boa reorganização do ensino superior em Portugal, com a transformação de alguns Institutos Politécnicos em Universidades ou Institutos Universitários, à semelhança do ISCTE-IUL.

Perde o CCISP, perdem os Institutos Politécnicos, perde o governo que vai aprofundar a brecha cavada por Nuno Crato entre os dois subsistemas do ensino superior e perderá Portugal. Há que esperar por novas eleições. Por novo Ministro, que seja mais cientista e menos político.

Por outro lado, no JORNAL DE LEIRIA, de 16 de Junho de 2016 (versão em papel), Nuno Mangas, presidente do IPL, afirma que “o que se pretende é que estes doutoramentos tenham desde a sua génese uma ligação à economia e à sociedade”.

Caramba, mas há algum que não tenha? Contudo, apesar desta visão holística da economia/sociedade [ainda que toda a economia seja social ou implique transformações sociais], o mesmo artigo do JL, usando palavras de Nuno Mangas, dirigentes da NerLei e da Cefamol sublinha sempre a dimensão da relação “entre a academia e a indústria”.

E o restante saber universal para se ser universidade? E a relação com o associativismo, com as Instituições sociais, organizações sociais, etc.? Essas não interessam? Parece ser o próprio politécnico a balcanizar-se e a remeter para a geografia do esquecimento os domínios da educação e das Ciências Sociais onde o IPL há muito dá cartas.

Bom, o facto é que esse “meio-termo” teria sempre pela frente o problema da alteração da Lei de Bases, o que não é fácil, e o enfrentar os reitores e as universidades. E os políticos fazem para ganhar votos, não para os perder.

“Caso os politécnicos queiram atribuir doutoramentos, terão de aprovar os seus cursos. A acreditação vai continuar a ser feita pela Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior (A3ES), como acontece com os doutoramentos nas universidades e com licenciaturas e mestrados, mantendo-se as mesmas obrigações legais” (Público, 16 de junho de 2016).

E quem apreciaria na A3ES estas propostas, quem seria? Ora adivinhem lá.

Tudo volta à estaca zero. Manda quem pode.

E, na verdade, "É MELHOR MERECER AS HONRAS SEM RECEBÊ-LAS DO QUE RECEBÊ-LAS SEM MERECÊ-LAS." (Mark Twain)

Ricardo Vieira, Professor Decano do IPL, professor Coordenador Principal da ESECS-IPLeiria e investigador do CICS.NOVA.IPLeiria, escreve segundo o Acordo Ortográfico