Opinião

Confinar o desconfinamento

23 fev 2021 14:54

A 13 de janeiro, António Costa havia-nos iludido com um novo confinamento de duração expectável de um mês. Quatro semanas depois, os casos caíam, mas afirmava-se que era preciso ir mais longe.

No dia [22 de fevereiro] em que Portugal verifica o menor número de infeções por Covid-19 desde 6 de outubro, reúnem-se especialistas e políticos na habitual reunião do Infarmed, onde é anunciado que o índice de transmissibilidade da doença (Rt) está no valor mais baixo de sempre e, é também o mais baixo da Europa.

Curiosamente, o INE apresenta-nos no exato mesmo dia os dados do desemprego, onde se observam agora 20 mil novos indivíduos inscritos, atingindo um valor acumulado superior a 420 mil desempregados, sendo necessário recuar a maio de 2017 para encontrar um número tão elevado.

A 13 de janeiro, António Costa havia-nos iludido com um novo confinamento de duração expectável de um mês.

Quatro semanas depois, os casos caíam, mas afirmava-se que era preciso ir mais longe.

Marcelo Rebelo de Sousa foi então mais explícito quanto a números de novos casos necessários para desconfinar: menos de dois mil novos casos diários. Pois bem, na semana seguinte, Portugal cumpriu.

A média diária de novos casos em sete dias, na semana de 14 a 20 de fevereiro, era já inferior a dois mil novos casos.

No entanto, os números parecem continuar a não ser suficientes para que se possam começar a vislumbrar sinais de desconfinamento.

Um desconfinamento planeado, organizado e moderado.

Os 2,2 mil milhões de euros que o Ministério das Finanças arrecadou a mais do que o previsto em 2020, conjugados com os quase 7 mil milhões das habituais “cativações” a que o governo socialista já nos habituou, bem como a tão aguardada “bazuca europeia” parecem incentivar os nossos responsáveis políticos a manter o desconfinamento confinado.

Esperemos, por fim, que ao contrário do que aconteceu com o segundo confinamento, em que foi necessário sermos o líder de novos casos para que se confinasse o país, que não seja agora necessário atingir a liderança nos novos casos de despedimentos e falências para que se perceba a importância da reativação da economia nacional.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990