Abertura

Um 13 de Maio único em Fátima: Santuário fechado, orações na rua

14 mai 2020 10:02

Pela primeira vez em 103 anos de história, o recinto esteve fechado. Mas, mesmo com grades a separar, houve quem conseguisse cumprir as suas promessas.

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Com o acesso ao recinto vedado, alguns peregrinos rezaram junto às grades
Ricardo Graça
Maria Anabela Silva

Esteve até à última a tentar resistir. Mas a ideia de passar este 13 de Maio sem “visitar Nossa Senhora” fazia-lhe “doer o coração”. Na manhã do dia 12, Manuel Cardoso, de 56 anos, deixou Lisboa e pôs-se ao caminho. Não a pé, como tantas vezes fez ao longo dos últimos de 30 anos, mas de carro. Já na Cova da Iria, procurou aproximar- se o mais que pôde da Capelinha das Aparições.

Chegou até à zona da XIV estação da via sacra, junto à Praceta de São José, onde se instalou. Preparado para a chuva, com chapéu e impermeável, aí esperou para assistir à procissão das velas dessa noite. A sua intenção era ficar também para o dia seguinte. Mesmo com uma grade e arbustos a separá-lo do recinto de oração, dava por cumprida a promessa, feita há uns anos, quando teve um acidente e “ia morrendo queimado”, de, enquanto o corpo lho permitir, ir a Fátima todos os anos.

Manuel Cardoso não escondia, no entanto, alguma revolta pela forma como decorreu este 13 de Maio, sem peregrinos no recinto do Santuário. “Fátima não faz mal a ninguém. Por que é que se podem fazer umas realizações e outras não?”, questionava, lamentando também o “excesso” de policiamento na Cova da Iria, referindo- se ao dispositivo montado pelas forças de segurança para dissuadir a entrada de pessoas no recinto.

Uns metros mais à frente, junto ao gradeamento colocado nas traseiras da Basílica da Santíssima Trindade, António Neno ajoelhou-se durante largos minutos. Terminado o momento de oração, conta que veio de Murtosa, distrito de Aveiro, para rezar “junto de Nossa Senhora”. Deslocou- se de comboio até à estação de Caxarias, Ourém e daí seguiu a pé até à Cova da Iria. Já sabia que não poderia entrar no recinto, mas, mesmo assim, “não podia deixar de vir”.

Veio e, mesmo à distância, não deixou de se sentir participante naquela que D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, classificou como a peregrinação &l

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