Economia

Surto de coronavírus dificulta acesso a produtos e matérias-primas

5 mar 2020 11:54

Dificuldades de abastecimento no exterior, redução de encomendas, eventos cancelados ou adiados. Os impactos do surto do Covid-19 já se fazem sentir entre as empresas da região

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Confecções temem falta de matérias-primas em Abril
DR
Raquel de Sousa Silva

A produção ainda decorre normalmente na Sindutex, fábrica de confecções do concelho de Pombal, mas o cenário poderá ser bem diferente em Abril. Matérias-primas como tecidos e botões poderão faltar, uma vez que as centrais de compra nas quais se abastece estão a atrasar as encomendas junto dos seus fornecedores, devido ao surto do coronavirus.

“Estamos em pânico”, admite Jorge Neto, que diz que mesmo que as centrais façam as suas compras este mês as fábricas de confecções só terão matérias-primas lá para o final de Maio. O sócio-gerente reconhece que se faltarem tecidos e outros artigos fundamentais para a sua actividade não sabe o que fazer com os 300 trabalhadores durante Abril e Maio.

Este é apenas um exemplo das muitas empresas que estão a sentir os impactos do Covid-19, na região e no País. A Associação Empresarial de Portugal fez um inquérito junto de 200 empresas, na semana passada, e vê com “elevada preocupação” os resultados, na medida em que são já cerca de um quinto as que mencionam um impacto negativo significativo ou muito significativo.

As dificuldades de abastecimento no exterior, em particular de matérias-primas (sobretudo provenientes da China e de Itália), mas também de produtos, a redução de encomendas, o cancelamento ou adiamento de eventos internacionais como feiras, as dificuldades nas viagens e, de modo geral, o abrandamento económico, estão entre os principais constrangimentos apontados.

“Este quadro agrava-se de forma muito vincada em relação às perspectivas futuras, com os empresários a mostrarem-se muito apreensivos, com praticamente metade a considerar que vai sofrer um impacto negativo, de forma significativa ou muito significativa, e apenas 5% a considerar que não espera ter qualquer impacto negativo”.

“Imaginamos que possa vir pancada”, admite Jorge Santos, director-geral da Vipex, empresa produtora de artigos em plástico da Marinha Grande. O gestor diz que se está a tentar acautelar o fornecimento de matérias-primas, porque embora os seus fornecedores sejam nacionais ou europeus sabe-se que compram na China. E mesmo matérias-primas fabricadas nestas zonas podem ter componentes fabricados neste país, como é o caso dos corantes.

Várias outras empresas da região com quem o JORNAL DE LEIRIA falou estão igualmente a tentar acautelar o fornecimento de matérias-primas, mas nem isso tem sido suficiente. Há já casos de empresas que reactivaram linhas de produção de artigos que até aqui importavam e de outras que se viram obrigadas a adiar a entrada em funcionamento de novas linhas de produção por falta de componentes oriundos da China.

“Temos stock para os pedidos já feitos, mas prevemos problemas para receber os artigos da próxima colecção. Se não os recebermos não os podemos vender, e passa a oportunidade”, diz o responsável de uma empresa de art

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