Sociedade

Serviços públicos: na era do digital as filas de espera continuam a ser um pesadelo

21 fev 2019 00:00

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Maria Anabela Silva

Requerer uma certidão, revalidar a carta de condução, pedir o cartão europeu de saúde, alterar um registo de propriedade automóvel, consultar informação predial ou instaurar um processo de casamento ou de divórcio… Estes são alguns dos muitos serviços que estão, hoje, à distância de um clique.

Nos últimos anos, Portugal tem, de facto, apostado na disponibilização dos serviços públicos online, um esforço reconhecido por vários estudos internacionais que avaliam o desempenho dos Estados nesta área.

É disso exemplo o último relatório United Nations E-Government Survey 2018, publicado pela ONU, no qual Portugal aparece como um dos países com “mais elevado grau de desempenho” ao nível dos serviços públicos digitais oferecidos pelo Estado.

Os resultados, citados pelo Dinheiro Vivo, colocam Portugal em 29º lugar, entre 193 países, registando uma subida de nove posições face a 2016. Aquele estudo avalia ainda a adesão dos cidadãos aos serviços digitais. E também aqui Portugal aparece bem colocado. Segundo aquele índice, há cada vez mais portugueses a utilizar as ferramentas digitais para se relacionarem com o Estado, fazendo o País subir do 50.º para o 30.º lugar.

Contudo, continua a haver uma faixa importante da população que se mantém fiel ao atendimento presencial, uns por desconhecimento do vasto conjunto de assuntos que já podem ser tratados através da internet, outros por dificuldade em utilizar as novas tecnologias.

Há também quem opte pela deslocação aos serviços, por preferir o atendimento cara a cara, com a possibilidade de tirar, na hora, alguma dúvida que surja, mesmo que isso implique enfrentar longas filas de espera, como aquelas que o JORNAL DE LEIRIA encontrou na Conservatória de Registo Civil (cartão de cidadão) de Leiria, na Segurança Social e no IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes.

Estes dois últimos são, aliás, de acordo com testemunhos de utilizadores, “os piores”, com esperas que chegam a ultrapassar uma e duas horas.

“Horas de espera” no IMT

“Para tratar de um qualquer assunto são, no mínimo, duas horas”, atesta Carlos Oliveira, que trabalha numa empresa de venda de automóveis e que é presença assídua no IMT de Leiria. Foi aí que o encontramos esta segunda-feira, onde, a meio da manhã, quase 40 pessoas se amontoavam na pequena sala de espera, cujas cadeiras disponíveis eram, manifestamente, insuficientes.

A falta de condições do espaço é, aliás, uma das queixas dos utilizadores e já motivou uma reclamação feita pelo anterior presidente da Assembleia Municipal de Leiria, José Manuel Silva, na sequência da qual o IMT classificou como “prioritária” a realização de obras de beneficiação e ampliação das instalações. Dois anos depois, a intervenção continua por fazer, aguardando visto de Tribunal de Contas.

Mas, mais do que das instala

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