Sociedade

Rotary Club da Marinha Grande apoia técnicos e cuidadores de pessoas com demência

14 out 2022 19:00

Projecto visa criar capacidades e iniciativas para estimular cognição de doentes

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Estimular cognitivamente os idosos é uma das prioridades do projecto
Ricardo Graça/Arquivo

Capacitar cuidadores e técnicos que lidam com pessoas com demência, contribuindo para prevenir ou travar a evolução da doença é um dos principais objectivos do projecto do Rotary Club da Marinha Grande, apresentado hoje e que conta com as parcerias dos rotary de Leiria e Alcobaça, Associação Alzheimer Portugal, Universidade Sénior da Marinha Grande, Santas Casas da Misericórdia da Marinha Grande e de Leiria, a Adeser II e a Unidade de Cuidados na Comunidade da Marinha Grande.

Estas instituições vão disponibilizar técnicos, “que darão horas ao projecto”, e que irão desenvolver actividades que possam contribuir para uma melhoria da vida dos utentes de lares e centros de dia.

Esta é uma resposta integrada para a prevenção e atraso na evolução da demência, o que permitirá dar ferramentas aos cuidadores, familiares e técnicos de pessoas com demência nos concelhos da Marinha Grande, Alcobaça e Leiria, explica Luís Pinto.

“O projecto surge da constatação de que os cuidados que são dados às pessoas com demência são insuficientes e o drama que existe nos cuidadores e familiares dos doentes de Alzheimer. Está provado que um doente de Alzheimer necessita de cinco horas por dia de atenção permanente e não há familiar ou cuidador que não entre em ‘burnout’ numa situação destas”, referiu o tesoureiro do Rotary Club da Marinha Grande.

Segundo o dirigente, em muitos lares ou centros de dia os idosos “estão sentados a olhar para o vazio, num processo de degeneração cognitiva, por falta de actividades mental e física, entre outros cuidados”.

“Pretende-se que a intervenção contribua para retardar e até prevenir a demência. Sabe-se que se as pessoas forem estimuladas em termos mentais e de actividade física podem não chegar à demência ou retardar a sua evolução”, precisa.

Garantindo que o projecto não tem carácter “assistencialista e caritativo”, Luís Pinto acrescenta que o objectivo é intervir de forma “estrutural”, criando “condições na comunidade e nas respostas sociais (lares e centros de dia)”, disponibilizando “conhecimento e capacitação nas instituições, de modo a puderem prestar um melhor serviço”.

Neste sentido, serão criadas acções de formação certificadas e um fórum de partilha de troca de experiências, “no sentido de melhorar a capacitação dos técnicos e de lhes propor novas estratégias de abordagem para estimulação cognitiva, actividade física e até hábitos alimentares”.

Os técnicos que receberem formação certificada, “irão depois transportar esse conhecimento para as instituições”, onde será feita a intervenção, revela Luís Pinto.

Além da formação, serão adquiridos alguns equipamentos de estímulo cognitivo para serem aplicados junto dos utentes.

O dirigente afirmaainda que serão apoiadas “iniciativas da sociedade civil que estejam a intervir em seniores ativos, como o projecto Vida Plena da Universidade Sénior da Marinha Grande”, um dos parceiros do projecto.

O fórum de partilha será também extensível aos familiares e cuidadores e a Associação Alzheimer Portugal, outra das entidades envolvidas no projeto, irá levar a iniciativa Café Memória para a Marinha Grande.

Luís Pinto apelou à participação de voluntários nesta causa. “Vamos criar uma bolsa de voluntários, que terão formação básica para acompanhar os técnicos da equipa aos lares e centros de dia”.

“O objectivo é no final do projeto existir um conjunto alargado de técnicos mais bem capacitados, voluntários mobilizados e sensibilizados para esta questão, com uma difusão elevada na comunidade, de forma a que as pessoas com demência não sejam ostracizados como acontece”, destaca.

O projecto é financiamento maioritariamente pelo movimento rotário, não só da Marinha Grande e de Leiria, como também do conjunto dos clubes rotários no norte de Portugal, da Rotary Foundation Internacional e conta com o apoio dos rotary de Minas Gerais, no Brasil, e da Índia.

“Este é um projecto para um ano, mas sabemos que é pouco tempo para consolidar. Estamos já a preparar um projeto de continuidade, que irá integrara terapia snoozelen”, revela.