Sociedade

Reciclamos muito mais, mas gastamos mais energia e água

9 jun 2016 00:00

A propósito do Dia Mundial do Ambiente, assinalado no domingo, olhamos para a evolução de alguns indicadores ambientais registada nos últimos anos.

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Maria Anabela Silva

Em Portugal, nas últimas duas décadas o consumo de energia eléctrica por habitante aumentou 73%, enquanto a percentagem de população servida rede de saneamento passou de 61 para 82%, registando-se uma subida de 35%.

Também a despesa per capitados municípios com a gestão e protecção ambiental, cresceu mais de 40% entre 1993 e 2014.

Quanto aos resíduos, as estatísticas disponíveis apenas nos permitem recuar até 2002 e revelam que, então, cada português produzia, em média, 441 quilos de lixo por ano, um valor que, em 2014, se cifrava quase em 453 quilos.

Foi, aliás, na área dos resíduos que se deu um dos grandes saltos, com o incremento da reciclagem. No início do século, as estatísticas indicam que apenas eram recolhidos selectivamente 20,4 quilos de resíduos por habitante/ano. Menos de uma década e meia depois, esse número triplicou, passando, em 2014, para 61,4 quilos.

Uma evolução muito positiva, mas aquém do desejável, se pensarmos que mais de metade do lixo produzido em Portugal continua a ir para aterro e que apenas 21% é reciclado, segundo último Relatório Anual de Resíduos Urbanos, recentemente, divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente.

Estes são alguns dos indicadores relativos ao ambiente que serviram de ponto de partida para tentarmos perceber, com a ajuda de alguns especialistas, a evolução registada no País nas últimas décadas.

Se é verdade que na maioria das áreas houve avanços significativos, por força dos investimentos feitos com recursos a fundos comunitários e pela adopção de directivas europeias, também não é menos verdade que, em determinados sectores, não se registaram grandes melhorias e existiu mesmo algum retrocesso. A título de exemplo, os ambientalistas ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA referem o desordenamento florestal, que se reflecte na massificação do eucalipto, e os problemas do território, sobretudo do litoral que, em muitos pontos do País, se agravaram.

Presidente da Oikos – Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria, Mário Oliveira não tem dúvidas em afirmar que, nas últimas três décadas, as questões ambientais registaram melhorias “assinaláveis”.

Além do encerramento das lixeiras a céu aberto, com o encaminhamento dos resíduos para aterros “controlados” e para a reciclagem, o ambientalista destaca, nesta área, o “comportamento cívico” das pessoas relativamente ao lixo, que registou um “salto qualitativo brutal”.

Além da eliminação da “praga das lixeiras” e da “evolução em todo o sector dos resíduos”, Viriato Soromenho- Marques, antigo presidente da Quercus e coordenador do programa Gulbenkian Ambiente da Fundação Calouste Gulbenkian, aponta a água como a área onde as melhorias “mais saltam à vista”, nomeadamente, “o abastecimento em condições de salubridade, com controlo da qualidade e redes de distribuição, e o tratamento das águas residuais”, com o investimento de “centenas de milhões de euros”.

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