Viver

Primeiro álbum de Cachorro Sem Dono é a banda sonora de um policial

5 abr 2022 10:17

Disco editado pela Omnichord, de Leiria, junta o produtor e DJ Stereossauro, de Caldas da Rainha, com o saxofonista Cabrita

primeiro-album-de-cachorro-sem-dono-e-a-banda-sonora-de-um-policial
Redacção/Agência Lusa

O álbum de estreia do projeto Cachorro Sem Dono, que junta o DJ e produtor Stereossauro ao saxofonista Cabrita, e serve de banda sonora a um filme ainda por concretizar, foi editado na sexta-feira, 1 de Abril.

No projecto, Stereossauro (Tiago Norte) e Cabrita (João Cabrita) são, respectivamente, Roy Vides e Niniko Salvaca, personagens de “um filme imaginário” do qual o álbum Cachorro sem Dono, editado pela Omnichord Records, é banda sonora.

“No nosso imaginário será sempre um potencial filme de acção/drama, policial escuro, não necessariamente com um final feliz e com alguns comic reliefs à mistura. A fórmula do Crónica dos Bons Malandros. É esse tipo de referências”, referiu Stereossauro, em declarações à Lusa.

A necessidade de criarem duas personagens para este projecto, explicou Cabrita, surgiu, “primeiro, para não se confundirem as coisas”.

“Isto não é um disco nem de Cabrita nem de Stereossauro, é uma coisa diferente. E depois, como estamos no campo da música instrumental, remete-nos para um universo um bocado imagético, mais vago, e, logo aí, para o campeonato das bandas sonoras”, justificou.

O facto de ser um álbum criado para um filme, ainda que imaginário, deu aos músicos “liberdade para abordar vários ‘bpm’ [batidas por minuto], várias coisas diferentes, porque tudo isso é necessário numa banda sonora”, disse Stereossauro.

“Tens o tema da perseguição, o mais contemplativo, a parte do amor, e é um bocado o que cola tudo e nos permite ter essas ambiências e abre logo caminho para uma sequela”, referiu.

Passar o filme do imaginário para o real é algo que agradaria aos dois músicos.

“Dêem-me dinheiro e isso acontece”, afirmou o DJ e produtor.

E Cabrita concorda: “Havendo dinheiro, haveria de certeza um filme para isto”. “Seria óptimo ter vídeos em todos os temas no espectáculo ao vivo, e por aí fora. É perfeitamente viável fazer um filme a partir daqui, é só preciso haver alguém maluco o suficiente para se meter nisso”, considerou.

O álbum é composto sobretudo por temas instrumentais, mas há um, o último, que é cantado, por Tamin, dos Cais Sodré Funk Connection.

“A ideia foi ter um tema por onde chamar mais atenção às pessoas, porque a música instrumental tem uma espécie de estigma de não passar muito em rádio”, explicou Cabrita.

Além disso, o músico, que, entre outros projetos, também faz parte dos Cais Sodré Funk Connection, “há muito que queria fazer algo com a Tamin que fosse fora do registo do soul e do funk”.

“Esta foi a oportunidade ideal para fazer uma versão cantada da ‘Memória’, tema que já existia em instrumental no álbum”, disse.

Haver duas versões da mesma música “é algo que acontece muito nas bandas sonoras”, lembra Stereossauro.

“Uma em que ela está em palco a cantar, mas quando tem um hipotético encontro romântico aparece o instrumental de fundo. Estamos a cobrir essas situações todas”, referiu, reforçando que “o filme vai ter de acontecer”.

E a versão cantada de “Memória”, graceja Cabrita, “é para ganhar o Óscar de Melhor Canção”.

Enquanto não chega o Óscar, os músicos irão apresentar Cachorro sem Dono ao vivo, acompanhados por João Rato, na guitarra e teclas, e Filipe Rocha, na bateria.

As primeiras datas já estão marcadas: 23 de Abril no Musicbox, em Lisboa, 23 de Abril no Cineteatro de Rio Maior e, 24 de Abril, no Museu de Leiria.