Sociedade

Negócios à boleia da onda

31 mar 2016 00:00

Além da hotelaria e da restauração, há outros negócios a apanhar a onda da visibilidade que o surf e as ondas gigantes trouxeram a Peniche e à Nazaré. Fomos conhecer alguns.

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Maria Anabela Silva

Terras de pescadores, Peniche e Nazaré têm, nos últimos anos, andado nas bocas do mundo. A culpa é do mar. No primeiro caso, do surf ‘tradicional’; no segundo, do surf de ondas gigantes, que, anualmente, atraem milhares de pessoas àquelas localidades.

A afirmação de Peniche como 'capital da onda', aconteceu, sobretudo, desde 2009, ano em que a península recebeu, pela primeira vez, uma etapa do campeonato do mundo de surf. Por seu lado, a Nazaré ganhou notoriedade internacional à custa das ondas gigantes que Garrett McNamara trouxe para as páginas dos principais jornais mundiais, quando cavalgou aquela que é considerada a maior onda alguma vez surfada, apresentando ao mundo o agora famoso canhão da Nazaré.

Mas que retorno tem trazido esta visibilidade para a economia local? Um estudo divulgado, na semana passada, estima que a edição de 2015 do Moche Rip Curl Pro Portugal, etapa do principal Circuito Mundial de Surf (WSL CT), tenha gerado um impacto económico superior a 10,6 milhões de euros.

Segundo o estudo, desenvolvido pelo Núcleo de Investigação em Surfing do Grupo de Investigação em Turismo da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, durante os dez dias do evento, os cerca de 100 mil visitantes terão gasto quase 7,8 milhões de euros, despesa que resultou numa receita fiscal de cerca de 1,3 milhões de euros. No estudo não foram contemplados os montantes gastos pelos sponsors nem os impactos económicos relativos à imagem em consequênciada exposição mediática do certame.

Aqueles dados referem-se a um único evento, aquele que leva a Peniche o maior número de pessoas e que contribuiu para colocar definitivamente a cidade na rota dos principais destinos dos amantes do surf, procurado hoje, durante todo ano, o que veio reduzir a sazonalidade do turismo no concelho.

Sem estudos que demonstrem o impacto económico da visibilidade que a Nazaré ganhou por via das ondas gigantes, é indesmentível que o fenómeno tem atraído muitos visitantes à vila, sobretudo, na época baixa do turismo de praia.

A atractividade de Peniche e da Nazaré, gerada em torno das ondas, tem beneficiado, sobretudo, os sectores da restauração e da hotelaria. Além do aumento das taxas de ocupação fora da época balnear, surgiram novas unidades hoteleiras, nomeadamente hostels, algumas delas a pensar especificamente nos amantes dos desportos de ondas.

Em Peniche, por exemplo, o número de surf campstem crescido “como cogumelos”. Além da hotelaria e da restauração, há outros negócios a apanhar onda da visibilidade que o surf trouxe a Peniche e à Nazaré. Fomos conhecer alguns.

João Vidinha criou fábrica de pranchas Natural da Nazaré, João Vidinha (na foto) tem 34 anos, “uma boa parte” deles passados dentro de água. Foi treinador de bodyboard e professor numa escola de surf, mas há cerca de 8 anos descobriu um novo talento. Juntou os conhecimentos que adquiriu como praticante de aeromodelismo à paixão pelo surf e fez o seu primeiro “surfista telecomandado”. Estranho? Vidinha explica: “é uma prancha com um sistema de comando incorporado, manobrada a partir do areal e que permite fazer acrobacias dentro de água”. Depois do primeiro, vieram outros, até que, há cerca de três anos, experimentou construir uma prancha de surf. Desde então, já lhe saíram das suas mãos cerca de 215.

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