Sociedade

Nazaré está a investigar a hipótese de sabotagem na conduta de saneamento

13 ago 2025 12:04

Praia da Nazaré está interditada a banhos pela segunda vez nesta época balnear

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Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

O Município da Nazaré está a investigar a hipótese de sabotagem na conduta de saneamento, após a situação que interditou a praia a banho. Anda assim, reconhece a necessidade de investimento urgente num sistema com cerca de 60 anos.

“Neste momento não ponho de parte [a hipótese de sabotagem], porque temos um conjunto de factores que vamos analisar e depois perceber se há matéria para levar isto à frente”, disse hoje à agência Lusa o presidente da Câmara da Nazaré, Manuel Sequeira, (PS), na sequência do entupimento da conduta de saneamento que levou, na terça-feira, à interdição dos banhos na zona Norte da Praia da Nazaré.

“Estamos a reunir um conjunto de informações e a perceber o que é que está a acontecer”, afirmou o autarca, reconhecendo que “há muita coisa estranha a passar-se: é um facto que há muita gente que conhece o sistema, tão bem, e, se calhar, alguns melhor que nós, e é um facto que estamos a sentir algo que não é normal”.

Em causa está uma obstrução na conduta de saneamento, junto à Praça Manuel Arriaga, que provocou uma escorrência de efluentes durante cerca de hora e meia, que determinou a interdição de banhos na praia, como medida preventiva.

O presidente da autarquia reconheceu à agência Lusa, no entanto, a necessidade de “um grande investimento nas condutas, com mais de 50 ou 60 anos”, sem capacidade de resposta para a “grande pressão turística” que a Nazaré enfrenta nesta altura do ano.

Segundo Manuel Sequeira, a situação é agravada pela incorrecta ação de algumas pessoas, “porque não é normal tirar-se daquelas condutas panos de cozinha, esfregões, toalhitas” e outros materiais que provocam entupimentos. A conduta está hoje a ser alvo de uma ação de limpeza, mas “o problema é muito difícil de resolver se não for através de um investimento grande”, que já foi feito na parte Sul do sistema e que “tem sido adiado na parte Norte, onde em 2020 houve um caso semelhante”, e durante a qual foi retirada da conduta, por exemplo, “uma toalha de praia”.

Esta é segunda interdição da praia a banhos desde o início do mês, depois de, a 1 de Agosto, os banhos terem sido proibidos devido a uma descarga nos esgotos pluviais. Na sequência daquele incidente, 116 pessoas foram assistidas na Unidade Local de Saúde da Região de Leiria com sintomas relacionados com a contaminação da água.

Desta vez “não há registo de pessoas com sintomas, nem deverá haver, porque a descarga foi rapidamente detectada”, explicou o autarca, que prevê ter, até ao final do dia de hoje, os resultados das análises pedidas ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Segundo a Lusa, em comunicado, o Bloco de Esquerda alertou, porém, que, “segundo informações recolhidas localmente, há registo de pessoas que necessitaram de assistência hospitalar”.

A agência noticiosa questionou a ULS Leiria sobre pedidos de assistência relacionados com este incidente, mas ainda não obteve resposta.

Estes incidentes confirmam “que a antiga conduta de esgoto, cuja ligação à rede de esgotos já não deveria existir há vários anos, continua operacional”, o que para o Bloco de Esquerda é “intolerável e coloca em risco não só a saúde pública, mas também a economia local, fortemente dependente do turismo balnear”.

No comunicado, o BE exige “o fecho imediato e definitivo da antiga conduta junto ao canto das pedras, a adaptação urgente e segura do sistema de esgotos da Nazaré, de forma a garantir que situações deste género não se repitam, e a divulgação pública, com total transparência, das análises à qualidade da água e das medidas correctivas em curso”.

“A segurança da população e dos visitantes deve estar sempre acima de qualquer outra consideração”, conclui o BE, sustentando que a Nazaré “não pode permitir que falhas graves na rede de saneamento comprometam a saúde das pessoas e a imagem da (…) terra como destino turístico de excelência”.