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Mosteiros. Menos visitantes em Alcobaça e na Batalha pela primeira vez desde a pandemia
Obras podem ter condicionado a procura por operadores turísticos que compram grandes quantidades de bilhetes
Pela primeira vez desde a pandemia, os mosteiros da Batalha e de Alcobaça perderam visitantes, segundo estatísticas da Museu e Monumentos de Portugal, entidade pública empresarial que tutela os dois edifícios classificados pela Unesco, anteriormente na esfera da Direcção-Geral do Património Cultural, já extinta.
Na Batalha, o recorde de afluência nos últimos dez anos (492.045 entradas em 2017, o que compara com 330.047 em 2015) está relacionado com a proximidade a Fátima e com o Centenário das Aparições marcado pela presença do Papa Francisco no Santuário durante a peregrinação internacional de Maio.
Em 2023, no terceiro ano consecutivo a crescer após o impacto negativo da Covid-19, o Mosteiro recebeu 366.872 pessoas, no entanto, e de acordo com os dados agora divulgados pela Museus e Monumentos de Portugal, em 2024 o número de visitas caiu para 354.905, ou seja, 11.967 abaixo do ano anterior (-3,2%). Contas feitas, são menos 61.888 visitantes face a 2019, último registo antes da pandemia (-14,8%).
Para a directora do Mosteiro da Batalha, a quebra ocorrida em 2024 “está relacionada directamente com bilhetes adquiridos em grande quantidade pelos operadores turísticos”.
“Acreditamos que as obras que decorreram no Mosteiro, entre 2022 e 2024, nos dois claustros e telhado da Sala do Capítulo possam ter contribuído para a alteração dos circuitos turísticos. Embora estas não tenham implicado o encerramento de nenhuma parte do monumento, criaram, como é normal, alguns constrangimentos à visita”, diz Clara Moura Soares, que tomou posse já em Abril de 2025. “Os operadores turísticos são interlocutores fundamentais na divulgação do nosso património aquém e além-fronteiras, pelo que consideramos muito importante que se consiga recuperar, ou mesmo superar, os números registados em 2023”.
A responsável acrescenta que “no cômputo global, importa salientar o crescimento de aquisição de bilhetes individuais”. E explica porquê: “significa que, com o monumento a funcionar em pleno, teremos todas as condições para continuar o ritmo de crescimento de visitantes verificado nos anos pós-pandemia”. Mais ainda, Clara Moura Soares sublinha que “o Mosteiro da Batalha tem todas as condições para melhorar o seu posicionamento, tanto em quantidade, como em qualidade”. Por outras palavras, considera “importante que o Mosteiro possa despertar interesse de mais visitantes”, mas, também, que “que a experiência de visita possa ser mais enriquecedora”. E adianta: “Estamos a trabalhar nesse sentido”.
Em Alcobaça as entradas no Mosteiro (198.544) igualmente diminuíram em 2024, embora ligeiramente: perda equivalente a 1% por comparação com 2023. A diferença para 2019 é de 21.401 visitantes (-9,7%). Em Alcobaça, nos últimos dez anos, o ano com mais visitantes é também 2017: 260.429.
A nível nacional, a Museus e Monumentos de Portugal avança que os 38 equipamentos que a entidade gere registaram 5.065.228 visitas em 2024, menos 1,8% do que em 2023. Destes, o mais procurado é o Mosteiro dos Jerónimos (946.014), seguindo-se a Fortaleza de Sagres (443.961), a Torre de Belém (387.379), o Paço dos Duques em Guimarães (376.331) e, em quinto lugar, o Mosteiro da Batalha, que, em 2023, ocupava a quarta posição, à frente da Torre de Belém.
Na lista, consta o Museu Nacional Resistência e Liberdade, em Peniche, reaberto oficialmente em Abril de 2024, com 110.909 entradas no ano passado. Já o Museu da Cerâmica e o Museu José Malhoa, em Caldas da Rainha, somaram, respectivamente, 19.104 e 28.186 visitantes. Na Nazaré, o Museu Dr. Joaquim Manso encontra-se encerrado para obras.