Sociedade

Ministro garante novo ciclo de investimento e todos os recursos necessários para o Pinhal de Leiria

15 out 2022 14:59

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, visitou este sábado o Pinhal de Leiria, cinco anos após o incêndio que destruiu 86% da mata nacional

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Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, à esquerda na imagem, captada esta manhã, no ponto da Crastinha
Ricardo Graça
Cláudio Garcia com Elisabete Cruz

Diferentes ministros, diferentes secretários de Estado e diferentes presidentes do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) visitaram o Pinhal de Leiria desde 2017, quase sempre com investimentos e projectos para anunciar, ainda assim, também quase sempre insuficientes para contrariar a insatisfação de parte da população e de alguns técnicos. Este sábado, cinco anos após o incêndio que consumiu 86% da mata nacional, a comitiva reapareceu, com o ministro do Ambiente a liderá-la. No ponto de vigia da Crastinha, agora requalificado, Duarte Cordeiro assegurou que não vai faltar dinheiro para recuperar o que chama de “tesouro nacional” e anunciou um novo ciclo de investimento, até 2025.

Nos últimos cinco anos, têm sido vários os técnicos a criticar a actuação do Estado (e do ICNF) no Pinhal de Leiria, o que transforma cada efeméride numa espécie de diálogo em que a maioria dos intervenientes manifesta opiniões contraditórias e muitas vezes parecem até falar sobre um território que não é o mesmo. Esta semana, a situação repetiu-se.

Já não se pode dizer que está tudo por fazer. Não está. Há rearborização e regeneração natural que vingou, com milhares de pinheiros em desenvolvimento, há estradas reabilitadas e parques de merendas requalificados, entre outras intervenções.

No entanto, permanecem vastas áreas sem pinhal e onde a reflorestação continua a ser necessária, além de inúmeros talhões onde o mato é baixo, mas denso, com as espécies invasoras a condicionarem, segundo alguns especialistas, o crescimento dos novos pinheiros.

No novo ciclo que agora se inicia, “que já está contratualizado” e “identificado”, o ministro do Ambiente anuncia “mais 5,5 milhões de investimento”.

Acontece agora, porque, só agora, segundo Duarte Cordeiro, é possível olhar “para as zonas que foram identificadas como zonas de regeneração natural” e perceber “quais as que tiveram sucesso e quais é que não tiveram sucesso”. Um tema que também não é consensual, com profissionais da floresta a dizerem que a regeneração natural só é possível nos primeiros dois a três anos.

Nas que não tiveram sucesso na sua missão de regeneração natural, vão agora sofrer obviamente uma intervenção de rearborização”, conclui o governante.

“Interviemos em cerca de 30 por cento do território, gastámos cerca de 3,5 milhões de euros até ao momento”, disse, esta manhã, no ponto da Crastinha, durante a visita à Mata Nacional de Leiria.

Ou seja, até 2025, o Governo espera chegar a 9 milhões de euros de investimento no Pinhal de Leiria, valor que está em linha com informação anteriormente divulgada.

A madeira ardida, já retirada do Pinhal de Leiria e comercializada, rendeu ao Estado 17 milhões de euros.

Foto de Ricardo Graça

Duarte Cordeiro assegurou hoje a disponibilidade de recursos para a recuperação da mata, que, segundo o Plano de Gestão Florestal recentemente aprovado, decorre até 2038.

“A Mata Nacional de Leiria é um tesouro nacional, não faltarão recursos para a sua recuperação”, garantiu.

Também relevante para o ministro do Ambiente, é o protocolo assinado na Lagoa da Ervedeira, antes da visita, que representa “um passo adicional”, na perspectiva de Duarte Cordeiro, na gestão do Pinhal de Leiria e das matas do Urso e do Pedrógão.

Celebrámos um protocolo com três municípios para com eles trabalharmos territórios. Associamo-nos aos municípios de Leiria, Marinha Grande e Pombal naquilo que é a possibilidade de trabalharmos em parceria, delegando nestes municípios a intervenção em alguns talhões”, explicou, “não só para se envolverem no processo de recuperação e da regeneração florestal deste território, mas para dar um passo adicional no envolvimento da comunidade”.

Os protocolos assinados “definem a necessidade de cooperação recíproca e de envolvimento das comunidades” e o objectivo será “colocar em prática acções e projectos de restauro ecológico, de requalificação de espaços e de reflorestação”, juntamente com as comunidades.

Duarte Cordeiro reconheceu que ao longo dos cinco anos podem ter sido cometidos erros, mas realça que há uma estratégia e que o Governo tem abertura para ouvir.

“Se a regeneração natural funcionar é mais forte e aquela que tem maior potencial de sucesso. Temos de permitir que a natureza, de alguma maneira, assuma o próprio território”, acrescentou.

Assinatura de protocolo na Lagoa da Ervedeira. Foto de Ricardo Graça

Sobre as críticas de vários especialistas que consideram que o ICNF já vai tarde para intervir nas espécies invasoras, o presidente do ICNF, Nuno Banza, sublinhou que “não há áreas que estejam ocupadas com espécies exóticas invasoras que não vão ter intervenção”.

Segundo disse, à medida que os pinheiros forem crescendo, vão “condicionar o crescimento das espécies invasoras”.

“Não houve nenhuma decisão que tenha sido errada. Temos todas as medidas contratadas e estamos no terreno a fazer o controlo das exóticas invasoras”, insistiu.

Nuno Banza explicou ainda que parte da madeira ardida foi triturada e colocada no solo para “melhorar a quantidade de matéria orgânica” no solo, “que vai permitir melhores condições ao crescimento do pinhal”.

Já o presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, mostra-se agora mais confiante no futuro da Mata Nacional de Leiria.

Naturalmente que sim, podíamos ter feito mais rápido, podíamos ter feito de outra forma. O que estamos a fazer neste momento acho que é o correcto, acredito, confio, nos técnicos e no que está a fazer o ICNF”.