Opinião

Medo e insegurança

10 mar 2016 00:00

Sentimo-nos inseguros e temos medo no presente e antecipamos o medo do futuro. De forma quase inevitável, passamos a ter uma atitude negativa e pessimista da vida.

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Diariamente, os meios de comunicação social, sobretudo a televisão, noticiam repetida e insistentemente cenas de violência e agressão, de ameaças naturais a curto ou longo prazo, contribuindo para a formação de uma consciência, de uma forma de agir e de pensar em que dominam o medo e a insegurança.

Uma cultura de medo instala-se quando a violência se banaliza, aparecendo como um facto normal e quotidiano. Em cada dia vivido, em cada ano passado, em cada futuro anunciado, uma nova desgraça é relatada, um novo drama é apresentado, uma nova ameaça é anunciada. Para além dos factos repetidamente anunciados, pormenorizadamente relatados (de manhã, à tarde e à noite), os analistas e os profetas da desgraça encarregam-se de projectar no futuro desgraças ainda maiores.

Tudo estará cada vez pior e cada mais o futuro é antecipado como pior do que o presente e muito pior que o passado longínquo. Sentimo-nos inseguros e temos medo no presente e antecipamos o medo do futuro. De forma quase inevitável, passamos a ter uma atitude negativa e pessimista da vida.

O que comemos, cada vez mais nos envenena; o que respiramos cada vez mais nos adoece; a SIDA, o cancro, a gripe das aves, as vacas loucas (agora o Zica), os transgénicos, as alterações climáticas e um sem número de outras inevitáveis desgraças (como o terrorismo) nos colocam em perigo e nos matam cada vez mais cedo.

Ora, tal não corresponde à realidade e o que verificamos é que todas estas ameaças, reais ou potenciais, vão sendo ultrapassadas ou controladas, permitindo uma vida e expectativas de que nunca a sociedade humana gozou antes.

*Psicólogo

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