Sociedade

Investigadores do Politécnico de Leiria anunciaram a descoberta, ao largo de Sines, de um carapau com cor-de-laranja

7 out 2021 14:36

Anomalia genética conhecida em outros peixes foi registada pela primeira vez nas mais de cem espécies de carapau

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Animal foi capturado em 2018 por pescadores de Sines e foi dado a conhecer aos investigadores do politécnico
Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

"Trata-se de uma anomalia genética semelhante ao albinismo, que se designa por ‘xantismo’ e que se caracteriza pela ausência ou inibição de células responsáveis pela pigmentação escura (melanóforos), dando lugar a outras, responsáveis por pigmentação amarela (xantóforos)”, explicou o biólogo Nuno Vasco Rodrigues.

O fenómeno já fora registado em algumas espécies de peixe, apresentando parte ou todo o dorso numa coloração alaranjada, mas foi agora registado, pela primeira vez em todo o mundo, num exemplar de ‘Trachurus mediterraneus’, uma das mais de cem espécies de carapau existentes.

Neste caso, o dorso do carapau é todo alaranjado, sendo por isso um caso de xantismo total.

Nuno Vasco Rodrigues explicou que “por os carapaus serem peixes oceânicos pelágicos (vivem em água aberta e não junto ao fundo) e serem presa habitual de outros peixes, apresentam uma zona dorsal escura, para se confundirem com o fundo do mar e não serem detectados pelos predadores e presas quando vistos de cima, e a zona ventral clara, sendo difícil a detecção quando observados por baixo (confundindo-se com a luz vinda da superfície)”.

Peixes xânticos são conhecidos em ambientes controlados, como é o caso da aquacultura, onde não há predadores e a probabilidade de sobrevivência é maior, e o biólogo apontou que "essa condição pode ser mais frequente do que se pensa, mas os exemplares de cor-de-laranja são muito cedo predados e não sobrevivem”.

O peixe laranja surgiu em capturas efectuadas em 2018 por pescadores de Sines e foi dado a conhecer aos investigadores.

O estudo dos biólogos Nuno Vasco Rodrigues, Frederico Almada, do Politécnico de Leiria, e Simão Santos, do Oceanário de Lisboa, foi submetido à revista científica ‘Cahiers de Biologie Marine’ e já foi aceite, aguardando-se a sua publicação em Novembro.