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Impacto ambiental de carrinhos de bebé acaba com Pinhal das Artes

7 jan 2016 00:00

Após sete edições, o Ministério da Agricultura não autorizou a SAMP a realizar o festival para a infância, que é uma das maiores referências culturais da região

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Jacinto Silva Duro

A VIII edição do Pinhal das Artes, festival bienal de artes especialmente dedicado a crianças dos 0 aos 6 anos acompanhados de suas famílias, organizado pela SAMP - Sociedade Artística Musical dos Pousos, não vai acontecer em 2016, como estava previsto.

Uma resolução do Ministério da Agricultura não permite a utilização do “Lugar das Árvores”, junto a São Pedro de Moel, Marinha Grande, para a realização evento, que ali acontece desde 2007.

A decisão é de Rui Rosmaninho, do Departamento Regional das Florestas do Centro, e de Rita Gomes, da Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral, que referem "riscos de segurança inerentes" ao festival de artes para a I Infância - Pinhal das Artes e por este "projecto colocar em risco a fauna e flora do local.”

A SAMP foi informada pelos serviços locais do Ministério da Agricultura, em Novembro, de que não iram ter a necessária autorização para a edição deste ano do Pinhal das Artes. “Apelámos logo para a tutela regional, na esperança de uma reavaliação da resolução”, conta o director artístico do festival, Paulo Lameiro.

Contudo, as esperanças da SAMP foram defraudadas com uma confirmação em Dezembro do aviso dos serviços locais. Sem baixar os braços, pediram uma reunião com o secretário de Estado das Florestas mas, até agora, não houve resposta, o que motivou o cancelamento da edição deste ano.

“Durante uma reunião, Rita Gomes, da Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral, argumentou que as rodas dos carrinhos de bebés danificavam as raízes das árvores”, conta Lameiro. No local, embora haja uma envolvente de pinheiros, devido à proximidade do Pinhal do Rei, como o director artístico sublinha e qualquer pessoa que tenha visitado aquela zona popular de piqueniques de Verão já pôde verificar, existem apenas os omnipresentes eucaliptos, acácias e outras espécies exóticas infestantes.

“No sítio onde é realizado o Pinhal das Artes, ironicamente, não há um único pinheiro”, assegura Lameiro. Outros argumentos utilizados pelos serviços do Ministério da Agricultura prendem-se com os perigos para a fauna e risco de incêndio que o festival acarreta. “Durante o festival, não se cozinha, não há fogo, não se dorme no local. Não se faz terraplanagem e as tendas são colocadas milimetricamente no terreno para não prejudicar as árvores!”

O JORNAL DE LEIRIA contactou o Ministério da Agricultura questionando as razões para a recusa de licença de utilização e a possibilidade de ainda se poder realizar o VIII Pinhal das Artes, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.

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