Sociedade

II Fórum Educação não formal debate desafios de educar

25 jan 2017 00:00

A intenção deste acto educativo é a abertura de janelas para o mundo e para os outros, capacitando o indivíduo para ser um cidadão do mundo, no mundo.

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No sábado, o auditório 2 da Escola de Educação de Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria recebe a segunda edição do Fórum Educação não Formal, que irá abordar o tema Desafios de Educar.  

A iniciativa, organizada pela região de Leiria do Corpo Nacional de Escutas, em parceria com o IPLeiria e Escola de Dança Clara Leão, pretende continuar a promover a partilha e reflexão entre diferentes actores do processo educativo, sobre as questões da Educação “não formal”, temática da maior relevância para todos os escuteiros na medida em que o escutismo na sua essência é um movimento para a educação integral de jovens.  

Em nota de imprensa, a organização estima contar com a participação de 150 a 200 pessoas, entre escuteiros, professores, educadores, animadores, pais, assim como todos aqueles que se interessam por questões de educação.  

Pontes da Educação não formal, com a educação formal e informal, Educar para a paz e cidadania, O impacto da tecnologia na forma de pensar e educar, Educar para quê, Educar onde e como e Educar quando e quem são os temas que serão discutidos ao longo do dia, com a presença do secretário de Estado da Educação, João Costa.

 

OPINIÃO

PONTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL com a EDUCAÇÃO FORMAL e INFORMAL

Os contextos sociais de educação das crianças e jovens são bastante distintos. A família é, sem dúvida, ambiente privilegiado para a formação e, tradicionalmente, atribui-se à Escola a tarefa de educar. A mera atribuição à escola da tarefa educativa não é consensual, multiplicando-se os debates sobre a quem compete a educação, por oposição à instrução ou à formação. A Escola constitui-se como contexto formal de educação, com parametrização de conteúdos, métodos, procedimentos de organização e estratégias de avaliação.

O formalismo da Escola, com o seu caráter institucional, contrasta claramente com outros contextos que contribuem para o desenvolvimento dos indivíduos. Os jovens frequentam e participam em inúmeras atividades que podem facilmente ser identificados como contextos educativos. Aulas de educação musical, atividades desportivas, diferentes tipos de atividade recreativa são palcos privilegiados para a educação física, para a construção de personalidades, para a estimulação de interesses e consequente desenvolvimento intelectual. O reconhecimento do caráter educativo destas atividades é a consequência da percepção desenvolvida durante o último século de que a educação de um indivíduo deve ser encarada de forma sistémica, integrando todas as componentes da sua vida que contribuem para o seu desenvolvimento.

Torna-se, assim, evidente que a educação não-formal tem vindo a ganhar um peso importante nos contextos educativos da sociedade e que, por isso mesmo, deve ser estudada, entendida e debatida.

João Costa, secretário de Estado da Educação

 

EDUCAR ONDE E COMO... 
“A educação é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado.” 
Oscar Wilde  

Na educação não formal, o educador é o “outro” com quem se interage, num local onde é criado, intencionalmente, um processo interativo de participação voluntária. Partindo dos interesses e afinidades do indivíduo, e através delas, e ocorrendo em locais que integram a sua trajetória da vida, é em espaços museológicos, em grupos de teatro, em grupos de dança, em escolas de expressões artísticas, como exemplos, que acontece a participação, a aprendizagem, a troca de saberes e, por inerência, a intensificação de relações sociais. 

A intenção deste acto educativo é a abertura de janelas para o mundo e para os outros, capacitando o indivíduo para ser um cidadão do mundo, no mundo. A questão da identidade e da alteridade, que coloca a existência do “eu” dependente da existência de um “outro”, centra talvez a importância desta vertente de aprendizagem. Conhecer o outro e, através do outro, conhecer-se a si, estabelecer relações e compreender o mundo, para uma compreensão integrada e abrangente do acto de existir.  Como fazê-lo, na prática?  Clara Leão | Equipa Organizadora