Saúde

Hospital e Politécnico de Leiria estudam efeitos do exercício físico em hipertensos e diabéticos

23 jan 2022 16:17

Participantes no estudo serão recrutados nas consultas de diabetes e de hipertensão arterial no Hospital de Santo André, devendo ter mais de 18 anos.

hospital-e-politecnico-de-leiria-estudam-efeitos-do-exercicio-fisico-em-hipertensos-e-diabeticos
Objectivo do estudo é avaliar o impacto do exercício na saúde e qualidade de vida de doentes diabéticos e hipertensos
Ricardo Graça
Redacção/Agência Lusa

Avaliar os efeitos do exercício físico em doentes hipertensos e/ou diabéticos é o objectivo de um estudo que vai ser desenvolvido pelo Centro Hospitalar de Leiria (CHL) e o Politécnico de Leiria e que irá acompanhar 123 pessoas.

Durante dois anos, o estudo irá avaliar os impactos da implementação de consulta de prescrição de exercício e mudança comportamental na saúde e qualidade de vida de doentes hipertensos e/ou diabéticos.

O estudo também avaliará a mudança comportamental na situação clínica, aptidão física e saúde mental, explica uma nota de imprensa do CHL.

A equipa será constituída por Cláudia Caseiro Antunes, interna de formação especializada em Medicina Interna no CHL, e Ricardo Rebelo-Gonçalves, docente na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria, investigadores principais do estudo.

Aqueles dois especialistas juntam-se Adélia Miragaia, assistente hospitalar graduada de Medicina Interna no CHL, Roberta Frontini e Rogério Salvador, docentes no Politécnico de Leiria.

“A criação de uma consulta de prescrição de exercício físico sempre foi um dos meus objectivos, mesmo antes de ingressar neste internato. É irrefutável a importância desta intervenção na saúde dos nossos doentes, contudo, a sua aplicabilidade sempre foi o principal obstáculo”, alega Cláudia Caseiro Antunes.

Citada por aquele comunicado, a investigadora frisa que a parceria com o Politécnico de Leiria “veio colmatar esta lacuna”, manifestando-se convicta que a equipa integra “um núcleo de pessoas, conhecimento e formação capaz de alcançar bons resultados na melhoria da saúde da nossa população”.

A investigadora explicou ainda que a área do exercício físico sempre fez parte do seu leque de interesses dentro da medicina e mostrou-se convicta de que este projecto contribuirá para enriquecer a medicina.

Os participantes voluntários serão recrutados para este estudo nas consultas de diabetes e de hipertensão arterial no Hospital de Santo André (HSA), devendo ter mais de 18 anos e podem ser de ambos os sexos, clinicamente aptos e estáveis.

“Os participantes serão divididos em três grupos de acordo com a motivação para realizar exercício: grupo de controlo (não fazer exercício); grupo ‘home based’ (fazer exercício em casa de forma autónoma) e grupo ‘center-based’ (fazer exercício com acompanhamento presencial).

Os participantes do grupo de controlo receberão as recomendações da Organização Mundial da Saúde para a actividade física e comportamento sedentário, e serão incentivados a adoptar um estilo de vida saudável, mantendo as consultas e acompanhamento. Quanto aos participantes dos restantes dois grupos, será prescrito um plano de exercício específico e personalizado, de acordo com as necessidades identificadas”, detalha-se na nota.

Está previsto ainda que os participantes realizem, em primeiro lugar, uma avaliação clínica, em contexto de consulta médica de acompanhamento hospitalar, sendo depois encaminhados para uma consulta de mudança comportamental com um psicólogo. Por fim, serão orientados para a consulta de prescrição do exercício com um fisiologista do exercício.

O estudo decorre nas instalações do HSA e os programas de exercícios serão supervisionados clinicamente pela equipa médica definida do Serviço de Medicina Interna.

Os participantes realizarão o seu plano de exercício físico entre dois e três dias por semana, não consecutivos, durante os dois anos do estudo, sob a supervisão de fisiologistas do exercício de modo remoto, com análise dos registos de exercício e acompanhamento telefónico a cada quatro semanas, e/ou de modo directo nas sessões presenciais, em contexto hospitalar.

Igualmente citado na nota, o investigador Ricardo Gonçalves salienta a que “este projecto reforça o trabalho no âmbito comunitário e pretende ter um impacto relevante na integração e reforço da promoção da actividade física nos cuidados de saúde no Sistema Nacional de Saúde”.

“Esta é mais uma oportunidade para a formação de especialistas com competências para integrar as tendências multidisciplinares emergentes, especificamente ao nível da avaliação, prescrição e monitorização do exercício clínico, sendo ainda complementado com uma componente de motivação e alteração comportamental, acrescenta.

Por seu turno, a directora do Serviço de Medicina Interna do CHL, Maria de Jesus Banza, salienta o pioneirismo da consulta de prescrição de exercício físico e sublinha que “a investigação associada à prática clínica tem como objectivo melhorar o conhecimento e desenvolver novas metodologias para melhorar os cuidados prestados aos doentes”.