Sociedade

Gás verde poderá chegar a 40% da população do concelho de Leiria

31 jul 2025 09:30

Projecto aguarda licenciamento para avançar. Dificilmente será concretizado antes de 2027

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A população do concelho de Leiria pode vir a ser abastecida com biometano. Dos cerca de 25 mil consumidores de gás natural, 40% poderão beneficiar da descarbonização, com a futura central de biometano, que será instalada na freguesia de Amor. 

A Genia Bioenergy, promotora da central de biometano, e a Floene, operador de distribuição de gás em Portugal, assinaram um contrato para ligação à rede da futura central de biometano, o que os compromete a concretizar um projecto, que neste momento ronda os 30 milhões de euros.

Numa primeira fase, esta unidade irá aproveitar a matéria-prima dos efluentes suinícolas para a produção de gás verde. Esta energia será depois introduzida na rede e distribuída aos consumidores industriais e domésticos.

“Encontrámos uma solução ambiental e economicamente sustentável para aquilo que designamos como tratamento de efluentes agropecuários. Passamos a trabalhá-los como uma matéria-prima de onde se obtém o biometano, que hoje é aqui o foco principal, mas também os adubos orgânicos que podemos disponibilizar para o mercado”, explica Luís Lopes.

O vereador do Ambiente na Câmara de Leiria acrescenta que a recuperação da água e a sua reintrodução no sistema é outra das mais-valias deste projecto, que funciona, assim “numa verdadeira lógica de economia circular”.

À semelhança do que sucede com a electricidade verde, os consumidores passarão também a consumir gás verde, “sem que seja preciso alterar alguma coisa", precisa Gabriel Sousa, CEO da Floene, ao sublinhar que "não é preciso alterar o esquentador ou a instalação de gás, para consumir uma energia verde”.

A demora no licenciamento por parte das autoridades que supervisionam o sector foi alvo de críticas do presidente da Câmara de Leiria. Gonçalo Lopes apela para a celeridade destes processos, que envolvem grandes investimentos e contribuem para o desenvolvimento do País.

Para "saltar etapas" e tentar encurtar o tempo, a Genia Bionergy avançou com um projecto de pormenor, “correndo todos os riscos associados”, revela Carlos Valente, director territorial em Portugal da empresa, ao acreditar que será possível obter uma resposta positiva até ao final do ano.

O biometano produzido será injectado na rede e no processo de tratamento dos efluentes vai também resultar na produção de um biofertilizante, que poderá ser utilizado por quase cinco mil agricultores, substituindo os fertilizantes químicos.

Estima-se que a central vai permitir transformar 400 mil toneladas de resíduos por ano em energia limpa e evitar a emissão de mais de 300 mil toneladas de CO₂.

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