Sociedade

Familiares das vítimas queriam mais arguidos no banco dos réus

27 mai 2021 13:00

Julgamento para apurar responsabilidades no incêndio de 2017, em Pedrógão Grande, começou esta semana, no Tribunal de Leiria. Entre os 11 arguidos estão três autarcas e um comandante de bombeiros

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Valdemar Alves, presidente da Câmara de Pedrógão Grande, foi integrado no processo já depois da fase de instrução
Ricardo Graça

Quase quatro anos depois da tragédia se ter abatido sobre Pedrógão Grande, o Tribunal de Leiria começou esta semana a julgar 11 arguidos, para tentar apurar responsabilidades num incêndio sem precedentes, que culminou na morte de 63 pessoas, em Junho de 2017. A maioria das vítimas tombou na Estrada Nacional 236-1, onde as temperaturas atingiram os 1.200 graus e o fumo tornou o ar irrespirável.

O luto de quem perdeu amigos e familiares continua a ser difícil de ultrapassar e agora, que tudo volta a ser recordado, há muitas feridas abertas que não conseguem abafar a voz da indignação, por se assistir a uma espécie de “jogo do empurra”.

“Seria mais justo para nós que os verdadeiros responsáveis fossem responsabilizados. Falta a cúpula [no julgamento], porque é sempre o operacional a ser posto em causa e a assumir o que a hierarquia não assumiu e não quer assumir. Há um conjunto de agentes que deveria estar no banco dos réus e e não está, e isso entristece- nos”, desabafa ao JORNAL DE LEIRIA Dina Duarte, presidente da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG).

Segundo a dirigente, independentemente de quem está acusado, o objectivo é que “seja feita justiça” e que esta seja “consequente”. “Queremos que os nossos mortos e feridos não tenham sido em vão. Se nada mudar na consciência, na forma de actuar e de quem tem responsabilidade e o poder para fazer mudanças, nada disto valeu a pena.” Ao acompanhar as notícias do desenrolar da audiência, a presidente da AVIPG constata que “tudo falhou” naquele dia.

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