Sociedade

Entre novos e velhos, quadra a quadra, fica a Aldeia Pintada

12 nov 2020 12:45

Na Torre da Magueixa, pintura, vídeo, música e instalação prometem fixar os cantares tradicionais, colorir as ruas e unir gerações

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Diogo Monteiro, Eva Arrojado, Mariana Menezes, Sandra Pereira e Filipe Cordeiro (da esquerda para a direita)
Ricardo Graça

O título que não rima mas é verdade fala do encontro entre gente nova e gente de mais idade que está a despertar a memória colectiva e a colorir o espaço público numa das aldeias mais singulares do concelho da Batalha.

Na Torre há quadras e cantares, muitos deles atribuídos ao poeta popular Manuel Rodrigues Marcelino, há lendas de tesouros romanos e histórias sobre seres arraçados de lobisomem, há a Santa Iria e a crença de que os vizinhos e rivais do Reguengo furtaram a pia dos baptismos e agora há também um grupo de amigos com vontade de documentar todo este património imaterial e usá-lo como estímulo para a criação artística.

No início do ano, Sandra e Diogo mudaram-se para a Torre da Magueixa. Ela é dali, ele vem de fora. Numa parede exterior da moradia que habitam, na Rua do Emigrante, está a primeira intervenção do projecto Aldeia Pintada. Duas figuras humanas em rosa, azul e amarelo num mural com quatro versos a servir de moldura: “Fomos à Barrosinha, juntinhos a passear, o tempo arrefeceu, tivemos de voltar”.

Mais abaixo, encontra-se o segundo episódio da iniciativa, inscrito a preto sobre muro branco na Estrada da Torre, ao longo de 87 metros. Recupera estrofes outrora cantadas pelas resineiras: “O lugarinho da Torre, tem ladeiras a subir, quem lá vai amar amores, vai ao céu e torna a vir; eu hei-de cercar a Torre, com 30 metros de fita, a porta do meu amor, há-de ser a mais bonita”.

Segunda intervenção. Foto cedida pelo projecto Aldeia Pintada

O movimento dá os primeiros passos, constrói-se à medida que avança e Sandra Pereira e Diogo Monteiro – que no mundo das artes assina como Tenório – são acompanhados por Mariana Menezes, Eva Arrojado e Filipe Cordeiro, todos com menos de 35 anos e laços de amizade, namoro ou parentesco.

Vídeo, música e instalação

Num momento em que a arte pública é objecto de apropriação pelas autarquias e os murais se transformam em instrumentos de marketing para atrair turistas, a Torre tem algo diferente para mostrar. O projecto chama-se Aldeia Pintada, mas além da pintura contempla o vídeo, a música e a instalação para preservar vivências recolhidas em diálogo com os habitantes.

Ou seja, abre uma ponte entre gerações, com os mais novos a ampliarem a vo

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