Covid-19

Covid-19: Batalha escreve ao primeiro-ministro a discordar das medidas isoladas "sem sentido"

8 nov 2020 17:20

Paulo Batista Santos aceitaria decisões do estado de emergência se fossem aplicadas num contexto supra-municipal ou nacional

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Paulo Batista Santos salienta que o concelho da Batalha diminuiu a propagação do vírus nos últimos dias e tem o menor número de casos activos do Pinhal Litoral
Ricardo Graça/Arquivo

O Município da Batalha considera que as medidas determinadas para os 121 concelhos “não fazem sentido” de “forma isolada”, pelo que o presidente da autarquia já enviou uma carta ao primeiro-ministro, António Costa.

 

 

Após o anúncio das medidas do novo estado de emergência, o Conselho de Ministros determinou a proibição de circulação na via pública entre as 23 e as 5 horas em dias de semana e nos próximos dois fins-de-semana a partir das 13 horas.

“Esta medida adicional que se aplica ao concelho da Batalha, já partir de segunda-feira e até dia 23 de Novembro, não faz qualquer sentido na situação epidemiológica da Batalha e gera graves prejuízos ao comércio, restauração e actividades similares”, afirma Paulo Batista Santos.

 

O presidente da Câmara da Batalha revela ainda que, além da carta enviada a António Costa, conversou hoje com João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que faz a ligação com os concelhos da região centro nas questões da covid-19, a quem comunicou a sua posição.

 

“Essa medida faz sentido na mitigação do risco da Covid em regiões agregadas, urbanas, onde haja continuidade de território, mas não faz sentido aplicar de uma forma isolada. No nosso caso, a 30 de Outubro tínhamos de facto um momento epidemiológico muito difícil, mas de lá para cá as coisas têm corrido com normalidade. Somos até o melhor concelho da região”, sublinha Paulo Batista Santos.

 

O autarca revela ainda que, segundo os dados fornecidos pela autoridade de saúde da região, no sábado, a Batalha, no distrito de Leiria, tinha 40 casos activos.

No Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral, ao qual pertence o seu concelho, Leiria apresentava 265 casos ativos, Marinha Grande 77 e Pombal e Porto de Mós 45, cada um.

 

 

“Uma medida desta natureza aplicada a um só concelho irá determinar a penalização económica e social, uma vez que os cidadãos vão aos concelhos vizinhos, porque não estão impedidos de o fazer, indo mesmo ao fim-de-semana, uma vez que podem deslocar-se durante a manhã, ficar durante o dia e depois regressarem aos seus domicílios”, acrescentou.

 

Paulo Batista Santos reforçou que discorda da medida aplicada isoladamente e que aceitá-la-ia se a mesma fosse aplicada “num contexto supra-municipal ou nacional”.

 

“Temos uma situação controlada, naturalmente preocupante, pois não vamos ignorar os factos e a tendência será para crescer em todo o território nacional, mas estas medidas têm de ter algum racional para que possamos explicar às pessoas e sensibilizá-las para acolherem as recomendações da Direcção-Geral da Saúde. Assim, as pessoas sentem-se injustiçadas e que estão a ser tratadas de uma forma diferente, quando as coisas no seu concelho até estão a correr bem”, afirmou ainda.

Na missiva enviada a António Costa, o presidente da Câmara da Batalha informa que o concelho está sem delegado de saúde há quase dois meses, pelo mesmo se encontrar de baixa médica, e "continua com extensões de saúde encerradas por falta de recursos".

“Temos na região de Leiria a urgente necessidade de reforço das equipas de rastreio de contactos e para seguimento de pessoas em vigilância activa” e a “disponibilidade pelo Serviço Nacional de Saúde de testes de diagnóstico para a Covid-19, uma vez que, até à presente data, a maior parte dos testes realizados foram suportados pelas autarquias”.

 

Paulo Batista Santos explica que, “estando de baixa, o delegado de saúde não pode ser substituído”. No entanto, segundo disse, dos 40 casos activos “mais de metade” já teriam sido dado como recuperados, se telefonassem aos infectados.

 

“Para retirarmos um caso activo é preciso ligar a perguntar à pessoa se está bem. Há cidadãos que foram contactados uma vez e esqueceram-se deles.”

 

Desde o início da pandemia e até este sábado, os últimos números divulgados pelo ACES PL indicavam que a Batalha contabiliza um total de 109 infectados pelo novo coronavírus, 68 recuperados, um óbito e 40 casos activos.