Sociedade

Condutor acusado de tentativa de homicídio na A8 admite agressão com canivete

11 fev 2019 00:00

“Quando vi duas pessoas no carro, assustei-me e o instinto fez-me tirar o canivete do bolso”.

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Um automobilista acusado de tentativa de homicídio, ofensas à integridade física e condução perigosa admitiu hoje ao Tribunal de Leiria que feriu com um canivete um jovem de 19 anos.

“Infelizmente, é verdade”, disse o arguido, ao explicar que naquela altura estava a passar por um “momento emocional complicado”, por “não conseguir emprego”.

Segundo relatou, depois de ter feito uma ultrapassagem e ter voltado à faixa da direita, diz ter-se “assustado” e travou em cima do veículo.

“Coloquei-me ao lado do veículo do senhor para tentar conversar com ele”, admitiu, confirmando que tudo se passou em andamento na A8.

O arguido contou ainda que os dois automobilistas pararam nas portagens no Bombarral. “Quando vi duas pessoas no carro, assustei-me e o instinto fez-me tirar o canivete do bolso”.

“É muito complicado explicar o que aconteceu naquela hora. Recordo-me que ataquei o senhor António [filho do condutor], mas não com a intenção de o ferir, foi mais na tentativa de o afastar”, acrescentou ao coletivo de juízes.

O arguido confessou ainda que foi quando a mãe da vítima saiu para falar com ele que “interiorizou a “estupidez, a burrice que tinha feito”.

O acusado, que se encontra em prisão domiciliária, afirmou estar “muito arrependido”, chorando ao dizer que lhe custa “não poder passear com o filho”.

“O Ricardo de hoje não é o outro. Foi todo desconstruído. Peço desculpa, estou muito arrependido”, salientou, revelando que enviou uma carta à família a pedir desculpa.

O condutor e o seu filho relataram que terão sido perseguidos ao longo da A8, tendo o alegado agressor, “por diversas vezes”, “tentado abalroar” o veículo onde seguiam, encostando-os para a berma.

“Parei nas portagens para saber o que o senhor queria, já que a minha filha estava sempre a dizer que o arguido fazia gestos para me mandar parar”, adiantou o condutor.

Depois de ter saído do automóvel, revelou que o arguido o tentou “espetar”. O filho saiu do veículo, pedindo que o acusado parasse.

“Foi quando o arguido se virou e me tentou espetar a primeira vez, mas consegui desviar-me. À segunda, atingiu-me no peito”, testemunhou a vítima ao tribunal.

Em Maio, os dois automobilistas circulavam com as respectivas famílias na A8 (Leiria/Lisboa), no sentido Norte/Sul, quando, na zona do Bombarral, a vítima decidiu iniciar uma manobra de ultrapassagem do veículo do alegado agressor.

Nessa altura, o arguido, de 44 anos, “desviou o veículo que conduzia para a esquerda, impedindo a ultrapassagem pelo veículo” conduzido pelo outro condutor, descreve a acusação.

O arguido iniciou a manobra de ultrapassagem, colocando o seu automóvel ao lado do outro, “desviando o seu para a direita, obrigando o outro a conduzir na berma".

A vítima, então com 18 anos, foi transportada para a urgência de Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste e o agressor fugiu, tendo sido localizado horas mais tarde em Lisboa, onde reside.

De acordo com o Ministério Público de Caldas da Rainha, o arguido “conduziu de forma temerária, agressiva e altamente perigosa”, colocando em perigo a sua família e a do outro veículo, e agiu com a intenção de “tirar a vida” ao outro motorista.

Está, assim, acusado de dois crimes de homicídio qualificado na forma tentada, um crime de ofensas à integridade física e outro de condução perigosa de veículo rodoviário.

O arguido, sem antecedentes criminais, aguarda julgamento em prisão preventiva domiciliária, medida de coação que não foi alterada por, justificou o Ministério Público, ser considerado “impulsivo e violento por razões fúteis, revelando deste modo um comportamento perigoso”.