Desporto

Circuito mundial de surf cancelado. Peniche vai receber prova de exibição

17 jul 2020 16:59

Frederico Morais vai ter de esperar pelo próximo ano pelo regresso em definitivo ao circuito. Portugal deverá acolher prova em Peniche, mas em Fevereiro de 2021. Supertubos acolhe em outubro uma prova com alguns dos melhores do mundo.

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Prova em Supertubos atrai milhares de pessoas
Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

As edições de 2020 dos circuitos mundiais de surf foram canceladas esta sexta-feira, devido à pandemia de Covid-19, tendo a Liga Mundial de Surf (WSL) divulgado já o calendário para 2021, que inclui a etapa de Peniche, que transita de Outubro para Fevereiro.

"Após uma análise cuidadosa e extensas discussões com as principais partes interessadas, tomámos a decisão de cancelar a temporada do Championship Tour (CT) e Qualifying Series (QS) devido à pandemia de Covid-19", afirmou o director executivo da WSL, Erik Logan.

O circuito principal contava com a presença do português Frederico Morais, pela segunda vez, e com a passagem pela praia de Supertubos, em Peniche, que integra o calendário para 2021, com a segunda etapa, a primeira e única na Europa, entre 18 e 28 de fevereiro.

"Para Portugal temos a garantia que, em Fevereiro, a probabilidade de existirem ondas excepcionais na costa portuguesa, aumenta significativamente. De Sagres a Viana do Castelo temos ondulações espetaculares nessa altura", referiu Francisco Spínola, responsável pela WSL para Europa, África e Médio Oriente, realçando que, para o Turismo de Portugal, principal parceiro, promove "um novo período de foco, com milhares de visitantes, mas com uma amplificação digital muito significativa".

Calendário provisório do circuito mundial de surf WSL de 2021

1. Billabong Pipe Masters, Havai (08/12 a 20/12).

2. Meo Pro Peniche, Portugal (18/02 a 28/02).

3. Snapper Rocks, Gold Coast, Austrália (18/03 a 28/03).

4. Rip Curl Pro Bells Beach, Victoria, Austrália (01/04 a 11/04).

5. Margaret River, Austrália (16/04 a 26/04).

6. Oi Rio Pro Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil (20/05 a 29/05).

7. Surf Ranch, Lemoore, Califórnia, Estados Unidos (10/06 a 13/06).

8. Quiksilver Pro G-Land, Indonésia (20/06 a 29/06).

9. Supertubes, Jeffreys Bay, África do Sul (07/08 a 19/08).

10. Teahupo'o, Tahiti (26/08 a 06/09).

Finals, local a determinar (08/12 a 16/12).

"No fundo é replicar o que temos vindo a fazer em Outubro, em Peniche. Se conseguirmos transpor esta visibilidade para Fevereiro é mais um impulso significativo no Turismo e na economia, no continuo esforço de quebrar a sazonalidade", frisou o português.

As primeiras seis etapas, de um total de 11, do circuito mundial já tinham sido adiadas, mas a WSL optou por cancelar as restantes provas, entre as quais o MEO Rip Curl Pro Portugal, previsto para o período entre 14 e 25 de Outubro, que integrava ainda o circuito feminino.

"Embora acreditemos firmemente que o surf é um dos desportos mais adequados para a competição ser realizada em segurança durante a era de Covid-19, temos um enorme respeito pelas preocupações contínuas de muitos na nossa comunidade, à medida que o mundo trabalha para resolver esta situação", frisou Logan, em vídeo partilhado nas plataformas oficiais da WSL.

Em 2020, as ondas portuguesas iriam ainda receber quatro etapas do circuito de qualificação: Caparica Surf Fest Pro, na Costa de Caparica, Pro Santa Cruz, em Torres Vedras, Azores Airlines Pro, em São Miguel, nos Açores, e EDP Billagong Pro, na Ericeira.

Com este cancelamento, a WSL prevê antecipar o arranque dos circuitos do próximo ano, ainda em 2020, no Havai, com uma etapa feminina, em Novembro, em Maui, e uma masculina, em Oahu, ambas ainda sujeitas a aprovação pelos responsáveis locais.

Depois, segue-se um novo formato competitivo, com dez campeonatos masculinos e femininos, culminando com a disputa dos títulos mundiais nas WSL Finals, em Dezembro de 2021, para os cinco primeiros de cada 'ranking', em local a determinar.

Portugal acolhe elite do surf mundial na contagem decrescente para 2021

Portugal vai acolher uma prova com a elite do surf mundial em Setembro, apesar do cancelamento dos circuitos, anunciados esta sexta-feira, que servirá de 'contagem decrescente' para a temporada de 2021.

"A grande novidade da prova especial, que terá o máximo de atletas do circuito mundial possível, mas que será realizada sem público, é que poderá decorrer algures em Portugal. Poderemos decidir o local em função das condições, sendo certo que o 'triângulo dourado' [Peniche, Ericeira e Nazaré] tem os locais privilegiados", afirmou Francisco Spínola, responsável pela Liga Mundial de Surf (WSL) para Europa, África e Médio Oriente.

A WSL cancelou os circuitos de 2020, antecipando o início dos de 2021, promovendo cinco campeonatos, divididos por Estados Unidos, Europa e Austrália.

"Fico muito contente com o facto de ainda termos oportunidade de participar em alguns eventos este ano, mesmo que em formatos diferentes e sem pontuar. Poder ter um evento em casa, em setembro, num ano que foi dado quase como perdido é sempre um motivo de orgulho", afirmou Frederico Morais, o único português no circuito mundial de surf.

'Kikas', que também já está qualificado para Tóquio’2020, reconheceu o mérito da iniciativa e das alterações do formato competitivo do circuito mundial, com 10 etapas e a disputa do título nas WSL Finals, em dezembro de 2021, para os cinco primeiros, ainda em local a determinar.

"O objectivo é comum: um calendário que apresente as ondas com melhor qualidade nos diferentes cantos do mundo. A inserção de um novo evento que determine o campeão mundial pode ser bastante positiva, pois um surfista que apresente resultados sólidos ao longo dos eventos, passa a competir apenas com aqueles que o acompanham nas posições do 'ranking'", frisou o surfista natural de Cascais.

Francisco Spínola realçou o destaque que este evento vai ter, uma vez que "a WSL vai dar a mesma atenção do que a uma etapa do circuito mundial, numa altura em que os adeptos estão ansiosos por ver os melhores surfistas na água", permitindo "promover uma série de ondas onde a prova poderá decorrer, além de Supertubos".

"Com as restrições globais às viagens, não conseguimos saber exactamente como vamos ter os surfistas para estes eventos especiais. No entanto, já temos a confirmação de alguns que vão estar na Europa, logo com permissão para vir para Portugal. Em setembro, talvez consigamos ter norte-americanos, brasileiros e australianos", referiu.

Alterações também nas outras provas

Os circuitos de qualificação também vão sofrer alterações de calendário, com o QS a ser disputado até junho de 2021, servindo de apuramento para o circuito intermédio, o Challenger Series, a disputar entre agosto e dezembro.

Já para 2022, a WSL pretende restringir para metade o número de participantes nas etapas dos circuitos principais, de 36 para 18 nos homens e de 24 para 12 nas mulheres, com uma seleção a meio da temporada.