Viver

Cantores líricos, uma vida de paixão e de sacrifício

10 dez 2015 00:00

Há vários exemplos na região de intérpretes nos melhores coros e teatros de ópera em Portugal. E que correm ou correram mundo em produções internacionais.

cantores-liricos-uma-vida-de-paixao-e-de-sacrificio-2649

Actuam com os melhores músicos e maestros, em Portugal e no estrangeiro, mas não são conhecidos fora do círculo restrito da música erudita. Os cantores líricos com raízes na região de Leiria constituem um raro exemplo de entrega à arte, que combina a paixão pelo ofício com a disciplina, o sacríficio da vida pessoal, o trabalho e a perseverança. Quase sempre, sem o devido reconhecimento, tanto em termos mediáticos como materiais.

A soprano Manuela Moniz tem uma longa carreira como solista, que começou no coro da Gulbenkian, durante um período de 10 anos até 1998. Aí protagonizou, por exemplo, o clássico Sonho de uma Noite de Verão, de Mendelssohn, que daria lugar a digressão pela Europa e ao registo em disco com orientação do maestro Frans Brüggen.

No entanto, apesar do percurso através do Conservatório Nacional e da Escola Superior de Música, com pós-graduação na Holanda junto de Margreet Honig e mestrado na Universidade Nova de Lisboa, apesar dos concertos de ópera com a banda da Armada e do regresso mais recentemente ao Grande Auditório da Gulbenkian, a intérprete da Barreira é a primeira a afirmar que viver da música em Portugal, "é praticamente impossível".

As oportunidades escasseiam e os apoios também. "Normalmente ou se faz a opção de cantar em coros e conciliar com alguns concertos, ou então, como no meu caso, tem que se optar por não cantar mais em coros, porque é desgastante, e dar algumas aulas de canto", explica Manuela Moniz.

Tudo porque, dentro de fronteiras, "não temos essa tradição e educação cultural. Não temos uma máquina montada no sentido de dar oportunidade a este tipo de música", afirma a soprano, que não tem dúvidas sobre as características especiais deste métier: "Estudar eternamente, há sempre coisas novas e outras a que regressamos com outra maturidade". E também a estética. "Certamente tem que se ser um lírico. Gostar de poesia, gostar deste tipo de linguagem".

Leia mais na edição impressa ou descarregue o PDF gratuitamente