Desporto

Andriy Pits: vice-campeão mundial a 140 à hora e o traseiro colado ao alcatrão

21 out 2016 00:00

Fomos conhecer os projectos, os anseios, mas também as dificuldades da família do piloto de Leiria neste mundo de velocidade vertiginosa, custos impensáveis e onde nem sempre os melhores são os que chegam mais longe.

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O passado domingo foi “top” para um rapaz que mora para os lados da Curvachia, na freguesia do Arrabal. Andriy Pits faltou durante toda a semana às aulas do 10.º ano na Escola Secundária Domingos Sequeira, em Leiria, mas os motivos foram os melhores.

Esteve em competição numa das cidades ícone do automobilismo mundial e em Le Mans não só acelerou, como demonstrou ter umas belas mãozinhas. De tal forma que se sagrou... vice-campeão mundial da categoria X30 Sénior, em karting.

O simpático Andriy nasceu na Ucrânia, mas aos 4 anos mudou-se para Leiria. Aos 6 anos, o pai levou-o até ao kartódromo de Leiria para dar umas voltas e foi amor à primeira vista. De vitória em vitória, foi construindo um currículo de respeito.

Actualmente, é bicampeão português e espanhol da classe onde compete, composta por veículos com motor de 125 centímetros cúbicos e que podem atingir os... 140 quilómetros por hora. O segundo lugar na Final Internacional IAME não foi mais do que a cereja no topo do bolo numa temporada que correu às mil maravilhas.

O convite da equipa oficial CRG para participar no evento deixou Andriy orgulhoso. Sabia que ia competir com mais de 130 pilotos de todo o Mundo por um lugar entre os melhores do karting mundial, mas também tinha noção que para enfrentar o frio e a chuva de Le Mans só valia a pena se fosse para fazer figura e, assim, despertar o interesse dos olheiros.

Foi o que aconteceu. “Em sete corridas para mangas de qualificação fizemos cinco boas, com dois quartos lugares, um quinto, um primeiro e um nono. Depois, tivemos dois acidentes, não por nossa culpa, e tivemos de desistir.”

Prejudicou o acesso à final, mas o piloto qualificou-se para o último dos 33 lugares disponíveis. O que veio a seguir só pode ter um nome: talento.

Lá partiu da derradeira linha na pré-final, mas nas 14 voltas da prova, disputadas em pouco mais de 13 minutos, conseguiu uma incrível subida até ao oitavo lugar. “Foi uma recuperação bastante boa, que me deixou muito entusiasmado”, admitiu o piloto. Partindo do oitavo lugar para a finalíssima, as expectativas eram mais elevadas.

“As primeiras voltas foram difíceis, porque os adversários estavam bastante rápidos, mas consegui chegar a primeiro. Dei tudo para que ninguém me apanhasse, mas havia alguns mais rápidos do que eu. O que estava em segundo ultrapassou-me, mas no meio da corrida podia tentar arriscar passá-lo, mas considerei que era melhor ficar em segundo do que em último.”

A prestação foi considerada muito positiva e a esperança, de Andriy e da família, é que abra portas para um futuro mais risonho, de preferência numa equipa oficial. Uma carreira que o rapaz gostaria que a carreira culminasse nas provas do Campeonato do Mundo de Turismos (DTM), apesar de saber que tem um longo e árduo caminho pela frente.

“É um nível bastante difícil, onde estão os melhores pilotos do Mundo. A Fórmula 1? Tem bons pilotos, mas a tecnologia está a avançar tanto que o piloto quase não faz nada. No DTM tem de se pilotar mais.”

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