Viver

Achismos e opiniões

17 fev 2016 00:00

Assim que decidimos anunciar ao mundo que estamos grávidos somos imediatamente bombardeados com felicitações, o que é muito bom, mas também com muitas opiniões, o que por vezes pode ser confuso.

Às vezes, até acontece antes. Nunca digam a ninguém que estão a tentar engravidar porque, de certeza, que essa pessoa tem uma prima que já está a tentar desde 1990 e mesmo fazendo “o amor” com a cabeça orientada para Norte, em noite de Lua Nova, depois de ter roído dois limões apanhados de fresco e mesmo ficando a fazer o pino durante 15 minutos a seguir, não tem conseguido, pobrezinha.

Durante a gravidez, além dos médicos e das enfermeiras (que, pasme-se, nem sempre têm todos a mesma opinião…) fazemos questão de ler tudo o que é livro de parentalidade, ouvir histórias mirabolantes de partos que correram mal, ver filmes sobre partos dentro de água e virar a internet à procura da melhor maneira de lidar com o que nos está a acontecer.

Como se a nossa cabeça não estivesse já a ponto de explodir com tanta informação, ainda ficamos atentas àquela vizinha que tem a certeza que é menina, pela forma da barriga, ou à colega de trabalho que insiste que a barriga está grande/pequena demais para o tempo de gestação.

E isto tudo sem poder fumar, beber álcool e comer marisco (segundo algumas opiniões, claro…). Depois das crianças nascerem a coisa piora. As mães, as sogras, as tias, as avós, com a melhor das intenções, é certo, fazem questão de nos lembrar que também elas já criaram filhos (mesmo que nalguns casos tenha sido há mais de 30 anos) e que o melhor é fazer assim, ou assado, que acham que o bebé tem frio, tem cólicas, tem a fralda suja, são os dentes, é calor, o diabo a sete.

E uma pessoa até diz que sim, porque sabe que a estão a tentar ajudar, mas nem sempre é fácil lidar com tanta gente sabedora, principalmente se pensarmos que estamos a dormir mal, a mudar fraldas de três em três horas, com as hormonas aos saltos e uma vontade imensa de chorar que nasce não sei onde (provavelmente de ouvir tanto tempo o bebé a chorar), com quilos a mais e paciência a menos.

Os que normalmente levam as respostas tortas são os mais próximos (desculpa mãe…) ou os estranhos, que curiosamente também têm uma opinião para dar, e não se coíbem de interpelar uma mãe com um recém-nascido na rua para opinar sobre amamentação, por exemplo. Não aconselho.

Respirem fundo e confiem no vosso bom senso. Não é propriamente física quântica, já se tem filhos desde sempre.

Rita Gomes