Desporto

A melhor dupla de árbitros pode acabar no andebol nacional

18 ago 2022 15:40

Eurico Nicolau e Ivan Caçador, juízes da Marinha Grande que arbitram competições internacionais, não foram convocados pelo Conselho de Arbitragem nacional

Árbitros da Marinha Grande trabalham juntos há 23 anos (e querem continuar)
Árbitros da Marinha Grande trabalham juntos há 23 anos (e querem continuar)
DR
Árbitros da Marinha Grande trabalham juntos há 23 anos (e querem continuar)
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Árbitros da Marinha Grande trabalham juntos há 23 anos (e querem continuar)
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Patrícia Carreira Gonçalves

Eurico Nicolau e Ivan Caçador, juízes de andebol da Marinha Grande, são detentores do maior número de títulos de ‘Melhor Dupla de árbitros do campeonato português’ de sempre. Receberam essa distinção, nada mais, nada menos, que sete vezes em nove edições.

Começaram a arbitrar juntos na época de 1999/2000, em 2004 passaram a integrar o quadro da EHF – Federação Europeia de Andebol e em 2006 alcançaram o nível mais alto da IFH - Federação Internacional de Andebol.

Mas, e ao fim de 23 anos de histórias a arbitrar as principais competições nacionais, internacionais e europeias, a dupla pode estar em risco... em Portugal.

Ao contrário do que acontece todos os anos, Eurico Nicolau e Ivan Caçador não constam na ‘Convocatória do Curso de Formação de Início de Época para árbitros’ de Elite, que o Conselho de Arbitragem marcou para este fim-de-semana, em Viseu.

“Aparentemente, para o Conselho de Arbitragem há uma incompatibilidade entre a actividade profissional do Eurico – organização de eventos de andebol de praia – e a actividade que tem como árbitro de Elite no andebol”, explica Ivan Caçador.

As funções ligadas à organização e logística da modalidade na vertente de praia, onde não arbitram, já eram uma realidade na última época.

Para a EHF e IHF a situação parece não ser justificável, dado que continuam a contar com a dupla a quem já foi atribuído o jogo entre Alpla HC (Áustria) e Eurofarm Pelister 2 (Macedónia do Norte), da primeira mão da Liga Europeia, a 27 de Agosto.

“Estamos aptos para arbitrar lá fora, como já fazemos há muitos anos, mas não estamos aptos para arbitrar cá dentro por uma incompatibilidade que só o Conselho de Arbitragem acusa”, lamenta o árbitro.

“Não consigo compreender esta decisão porque há outros agentes em Portugal envolvidos no Campeonato Nacional e no Grupo de Elite que também fazem parte do andebol de praia, apitam, são delegados, e para esses quadros não há essa incompatibilidade, o que torna esta decisão pessoal”, acrescenta Ivan que se encontra "num impasse e sem respostas".

“Eu não recebi qualquer informação, supostamente continuo a ser árbitro, mas não fui chamado para o curso de Elite, não sei se vou ser chamado este ano ou se posso arbitrar”, atira, certo de que “arbitrar sem o Eurico está fora de questão”.

“Eu comecei com o Eurico e vou terminar com o Eurico”, sublinha.

“Apanhado de surpresa” no meio deste processo, Eurico Nicolau adianta apenas que “não há nada que se possa acrescentar”.

“Ao fim de 23 anos no andebol, sempre disponíveis, obviamente que isto não se entende. Têm sido dias difíceis a tentar entender qual é o erro, ou o possível erro. Têm sido dias atribulados, não consigo identificar o porquê, mas pode ser que um dia alguém identifique o porquê de tudo isto”, lamenta.

Ao jornal desportivo O Jogo, o presidente da Federação de Andebol de Portugal, Miguel Laranjeiro, assumiu a sua posição relativamente a esta questão: “Estamos surpresos porque em causa está uma dupla que ficou em terceiro lugar na classificação da época anterior, está nomeada para jogos internacionais e, nesse sentido, já solicitámos explicações ao Conselho de Arbitragem”.

Até ao momento o Conselho de Arbitragem ainda não se pronunciou sobre este assunto.

Segundo o webiste oficial da entidade, "o conselho de arbitragem é um órgão colegial dotado de autonomia técnica, eleito pela Assembleia-Geral nos termos estatutários para coordenar, administrar a actividade da arbitragem das competições organizadas, ou que se disputem no seio da Federação de Andebol de Portugal, competindo-lhe coordenar e organizar a actividade da arbitragem, estabelecendo os parâmetros de formação dos árbitros e proceder à classificação técnica dos mesmos, nos termos dos regulamentos e da lei em vigor".

Conforme a mesma fonte, o Conselho de Arbitragem conta com 172 árbitros regionais, 118 nacionais, cinco duplas no EHF e três duplas no IHF.