Entrevista

Stereossauro: "Se a Capital Europeia da Cultura não acontecer, ficamos com pouco mais do que nada"

1 mar 2022 10:14

O produtor musical das Caldas da Rainha conhecido por juntar artistas contemporâneos com clássicos da música portuguesa, fala do seu trabalho e da sina de artista

"A alegria e o desgosto de amor fazem parte da condição humana"
Ricardo Graça
Jacinto Silva Duro

O seu nome já era bastante conhecido na música, especialmente, após ter vencido com o DJ Ride, por duas vezes, o Campeonato Mundial da International DJ Association. Porém, com o disco Bairro da Ponte, sente que saiu do mundo das pistas de dança e se tornou mais conhecido do público generalista?
É possível. O primeiro single saiu em 2018 e tudo apontava para que o disco saísse no final desse ano. Houve alguns atrasos com o licenciamento dos samples. Eram 19 músicas e todas elas tinham samples e autorizações que atrasaram o processo. Foi um trabalho que demorou muito a fazer. Eu já tinha uma carreira de alguns anos, como dj, já tinha feito produções sozinho e com outras pessoas. Já tinha uma carreira sólida. Já tinha os Beatbombers com o Ride... O Bairro da Ponte fez-me passar para produtor e compositor. Comecei a escrever letras para cantores. Queria dar concertos e tocar as minhas músicas e juntar a parte electrónica a uma banda. Isso deu-me fôlego. Qualquer artista precisa de combustível para a inspiração. Não é só estar sentado a olhar para um quadro da sua musa... Por vezes, precisas de uma guitarra nova para te estimular. Nunca havia escrito uma letra e comecei logo a escrever para cantores gigantes! Tive excesso de confiança, mas resultou. Convidei a Ana Moura para um tema e tinha de escrever uma letra com melodia para ela. Pensei, “vamos a isso!” Mas, assim que entrei no carro, a caminho de casa, comecei a pensar “mas no que é que eu me meti?!” O excesso de confiança pode ser bom porque te leva a coisas que não sabias que conseguirias fazer.

Como surgiu a ideia de samplar o fado da Amália e juntar-lhe artistas como Camané?
Era um plano antigo. A primeira vez que fiz algo assim, foi uns dez anos antes de o Bairro da Ponte sair, quando me lembrei de samplar o Verdes Anos. A primeira vez que o apresentei, foi num dj set com o Ride, em Lisboa, numa rave às quatro da manhã, antes de uma cena techno alemã. Lembrei-me, “deixa-me experimentar esta cena para quebrar um bocado a energia e servir como tira-gosto para os gajos do techno terem a pista aberta”. Tinha a ideia de que aquilo iria ser calminho. Para minha surpresa, quando acabei, estava tudo louco, a bater palmas. Foi um momento de “eureka!”. Passados dois anos, fiz o

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