Entrevista

José Luís Sismeiro: “O Estado é mau a fazer previsões de valores base de concursos”

1 mai 2022 09:00

Reeleito recentemente para o segundo mandato como presidente da Aricop, receia que o sector da construção não tenha capacidade de executar os projectos do Plano de Recuperação e Resiliência, por falta de mão-de-obra. E afirma que a habitação vai ficar mais cara e de mais difícil acesso

Presidente da Aricop fala dos desafios do sector da construção e obras públicas
Ricardo Graça
Raquel de Sousa Silva

Quais os principais objectivos da direcção da Associação Regional dos Industriais de Obras Públicas de Leiria e Ourém para o mandato que agora inicia?
Um deles é a renovação da mão-de-obra do sector, que continua a envelhecer. Contribuir para a sua renovação é um desafio que estamos a abraçar. É preciso arranjar estratégias para que os jovens olhem para a actividade com outros olhos, com a perspectiva de haver evolução e até melhoramentos significativos a curto prazo quanto à situação remuneratória. O sector da construção é um dos que apresentam maior carência de mão-de-obra, porque tem havido aumento da actividade.

O que é que leva os jovens a fugir desta área?
Existe ainda algum preconceito, muito significativo. A escolaridade mínima obrigatória, de 12 anos, faz com que os jovens tardiamente se defrontem com a necessidade de tomar decisões quanto ao futuro. Aos 18 anos, com uma escolaridade razoável, é natural que aspirem a ter uma actividade noutra área que não numa ligada a uma tradição que não é muito abonatória. Dizia-se que quem não prestava para estudar ia trabalhar, e ia muitas vezes para as obras. Aos 18 anos dificilmente entram no sector para um processo de aprendizagem, como antigamente. Por outro lado, não há nas escolas profissionais cursos virados para estas áreas. Não há nenhuma resposta escolar para o nosso sector.

As profissões da construção já não são mal pagas, mas socialmente são menos valorizadas…
Nunca foram mal pagas. Os jovens iam trabalhar para as obras porque ganhavam mais do que na indústria. Sempre foi assim. A questão é que continua a haver um estigma que é penalizador do ingresso dos jovens na actividade.

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